Em Londres, Manuel Nunes Júnior, onde se deslocou em representação de João Lourenço na Cimeira de Investimento Reino Unido-África, defendeu a urgência de criar em Angola um "verdadeiro Estado de Direito" porque isso é essencial para consolidar o fluxo de investimento estrangeiro para o país.
Mas, o principal foco da sua intervenção no Chatham House, que é uma organização não-governamental que se dedica a gerar conhecimento sobre as relações internacionais e é visto como um centro de dispersão de influência britânico no mundo, foi deixar uma mensagem clara de que Luanda está a accionar todos os meios, legais, judiciais e diplomáticos para "assegurar o repatriamento dos recursos desviados".
Segundo a Reuters, Júnior declinou uma resposta sobre que países estão na lista do Governo de Luanda para a obtenção dessa cooperação, sublinhando todavia que o pedido visa "ajudar a olhar para os casos de corrupção já identificados e aqueles que ainda não estão identificados".
Este "recado" de Manuel Nunes Júnior deixado em Londres surge num momento em que o terramoto "Luanda Leaks" está a abanar o império dos negócios de Isabel dos Santos com os sentidos todos direccionados agora para os passos que se seguem e no decurso da análise aos 715 mil documentos em mãos do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) que o despoletou a partir da entrega dos ficheiros pela PPLAAF, a Plataforma que protege os denunciantes anónimos em África.
Nesta conferência, Júnior referiu-se ainda ao facto de Angola estar a pugnar por uma maior transparência no mercado cambial permitindo que o Kwanza encontre o seu nível no mercado, lembrando todavia que a diferença actual entre o câmbio oficial e o paralelo é de apenas 19% quando ainda em 2017 estava nos 150%.