O ex-secretário-geral da UNITA, Franco Marcolino, disse ser este o momento ideal para o Chefe do Executivo mandar uma nota de solidariedade para as famílias enlutadas e abordar publicamente este assunto.

"São angolanos que morreram em confronto com as forças da ordem. Enquanto o Presidente da República aguarda os resultados do inquérito, uma nota de solidariedade deveria ser divulgada", disse o também deputado à Assembleia Nacional, salientando que um comunicado do Chefe de Estado "tranquilizava as famílias aflitas mostrando que o Executivo está preocupada com os tristes acontecimentos de Cafunfo".

Franco Marcolino não percebe ainda o facto de o próprio Presidente da República ter afirmado recentemente que "as manifestações em Angola não têm de degenerar em violência".

"Se o Presidente da República havia afirmado que as autoridades não têm interesse nenhum em tratar mal o povo, como é que as mesmas autoridades utilizam armas de fogo, massacrando civis indefesos?", questionou.

O deputado da CASA-CE, Manuel Fernandes, disse que o silêncio do Presidente da República, relativamente aos acontecimentos da vila do Cafunfo, "não é positivo", porque está em causa a perda de vidas humanas em pleno tempo da paz.

"O senhor presidente da República não podia limitar-se a ouvir informações da polícia. Neste momento já deveria vir a terreiro manifestar a sua solidariedade com as famílias das vítimas dos incidentes do Cafunfo", explicou, defendendo a instauração de uma comissão de inquérito independente, no sentido de apurar a verdade das denúncias no que diz respeito às mortes.

"Das informações que temos, caso se confirmem, deve-se urgentemente responsabilizar civil e criminalmente os responsáveis por estas mortes, porque o que aconteceu no Cafunfo é uma pouca-vergonha", sublinhou.

O secretário-geral do PRS, Rui Malopa Miguel, que considerou os acontecimentos da vila do Cafunfo como uma "verdadeira violação dos direitos humanos", também lamentou o silêncio do Chefe do Executivo perante este cenário.

"Manifestar solidariedade às famílias enlutadas pelo Presidente da República é procedimento normal. Não compreendemos o que se passa, porque este não tem sido o comportamento do Chefe do Estado", frisou Rui Malopa.

O secretário-geral do PRS diz ter informações segundo as quais as autoridades governamentais enviaram segunda-feira, 01, para a vila do Cafunfo, três aviões que transportaram muita gente para a prisão da cidade do Dundo.

"Mandamos uma equipa de membros da direcção do nosso partido para fazer o levamento dos acontecimentos na vila do Cafunfo", acrescentou, informando que "até neste momento centenas de pessoas estão dispersas nas matas temendo o seu regresso à vila do Cafunfo que está cercada pela polícia".