A defesa da parte queixosa assegura que ficou surpreendida com o adiamento e suspeita que se trata de manobra delatória do tribunal.

O Novo Jornal sabe que o julgamento foi reagendado para o próximo dia 22 de Maio.

Osvaldo Sapupula, advogado da parte queixosa, realça que esta é a segunda vez que o tribunal adia o julgamento em cima da hora e não percebe por quê.

No seu entender, "não houve razões nos termos da lei para o juiz principal, Pedro Nsoki, adiar o julgamento, visto que a ausência de uma testemunha não deve levar ao adiamento do julgamento, porque esta figura pode ser representada pelo seu mandatário oficial".

Sobre o adiamento, o Novo Jornal procurou igualmente ouvir o advogado da arguida, "a comandante Bety", mas sem sucesso.

Elizabeth Rank Frank foi também igualmente conselheira dos então comandantes-gerais Paulo de Almeida e Arnaldo Carlos.

Inicialmente, o julgamento estava marcado para o passado dia 27 de Março, mas devido à indisponibilidade do advogado da ex-comandante provincial de Luanda, que solicitou ao tribunal o adiamento, a sessão foi então remarcado para esta quinta-feira, tendo sido novamente adiada.

Para este julgamento, o actual comandante-geral da PN, Francisco Ribas, está arrolado no processo-crime como testemunha, por ser, à data dos factos, o comandante da Polícia Nacional em Luanda.

O Novo Jornal apurou junto do processo que Elizabeth Rank Frank, actualmente comissária-chefe reformada, movimentou os meios e efectivos da PN após receber um pedido de ajuda de uma amiga para prender um cidadão, o pai da sua neta, de 12 anos, que supostamente tinha conflitos com a sua filha, a mãe da menor, no município do Talatona, em Luanda, em 2023. E era acusado pela amiga da 'comandate Bety' de raptar a criança.

No entanto, aquele comando municipal da polícia apercebeu-se depois que não se tratava, afinal, de um rapto, pois a menor tinha-se refugiado em casa do pai, depois de se queixar que era maltratada pela mãe.

A responsável da PN em Talatona ainda aconselhou a família da menor a tratar o assunto no foro familiar, mas a comandante "Bety" não aceitou e pediu para que a polícia ligasse ao pai da menina e o intimidasse, passando por cima da autoridade da comandante do Talatona e dos oficiais de investigação em serviço.

À revelia, conta a acusação, a 'comandante Bety' criou uma equipa de busca e captura do cidadão, que procurou por quase toda a cidade de Luanda, como se de um indivíduo altamente perigoso se tratasse, incluído em duas residências de um renomado general, parente do pai da menor, sem os devidos formalismos.

A acusação diz que as viaturas-patrulha da PN, assim como outros meios, foram movidos do comando do Talatona por ordem da arguida, sem conhecimento do comando provincial de Luanda à data dos factos.

A comissário-chefe reformada Elizabeth Rank Frank é acusada do crime de abuso no exercício do cargo, nos termos do artigo 28.º da lei n.º4/94 de 28 de Janeiro, Lei dos Crimes Militares.