"Uma vez mais, reiteramos que a fase de produção de provas decorre à porta fechada e por isso não é permitida cobertura jornalística, nem a presença de jornalistas na sala de julgamento", adianta o Tribunal Supremo em nota de imprensa", sublinhando que a imprensa voltará a ser notificada para a cobertura da leitura do acórdão do processo.
Hoje serão ouvidos um cidadão de nacionalidade chinesa, Yiu Haiming, e as empresas China International Fund (CIF), Plansmart international Limited e Utter Right International Limited.
Nas últimas sessões de julgamento, os generais "Kopelipa e Dino" apontaram na direcção de Manuel Vicente, indicando-o como sendo o coordenador da Comissão de Relação de Cooperação entre Angola e o CIF e afirmando que tudo o que aconteceu é da sua inteira responsabilidade.
"Em 2016 realizei uma missão em nome do Estado angolano, mandatado pelo vice-Presidente da República Manuel Vicente, que era o coordenador da Comissão de Relação de Cooperação entre Angola e o CIF, com a aprovação do Presidente José Eduardo dos Santos", revelou o general na reforma Leopoldino Fragoso do Nascimento "Dino".
"O ex-Presidente José Eduardo dos Santos explicou os motivos que o levaram a criar uma equipa de trabalho, da qual fazia parte também o ex-presidente do conselho de administração da Sonangol, Francisco de Lemos José Maria, o advogado Fernando Gomes dos Santos e dois cidadãos chineses, identificados por Wu Ang e o seu advogado Weiji Qin", acrescentou Leopoldino Fragoso do Nascimento "Dino".
Segundo o general reformado, foi o ex-vice-Presidente Manuel Vicente que o convidou a participar na reestruturação da China International Fund (CIF), "empresa que ajudou bastante" na reconstrução do país.
"Dino" frisou também que o ex-Presidente da República havia feito um enquadramento do que tinham de fazer para apoiar o grupo CIF, que "ajudou bastante Angola quando começou o processo de reconstrução", em 2002, após o fim do conflito armado no país.
Na quarta-feira, 04, Manuel Hélder Vieira Dias Júnior "Kopelipa" disse ter aceitado o pedido do procurador-geral da República para colaborar com a justiça, entregando os bens da CIF ao Estado angolano, mas ficaria "mais atento" para evitar mal-entendidos.
"Sei que há uma queixa contra mim da parte chinesa por ter entregado 40% dos bens", disse "Kopelipa", referindo-se à quota-parte da Utter Right Interational Limited e Plansmart International Limited, empresas igualmente arguidas neste processo.
Numa procuração, o arguido "Dino" terá conferido poderes ao general "Kopelipa" para entregar ao Estado 60% das acções da IF - Investimentos Financeiros.
Não consta entre os arguidos o ex-vice-Presidente de Angola e antigo líder da Sonangol Manuel Vicente, cujo nome está também ausente da lista dos 38 declarantes, apesar de ser citado no processo, no âmbito das suas ligações à CIF.
O antigo presidente do conselho da administração da Sonangol, Manuel Vicente, foi apontado como o responsável pelas operações financeiras do Estado envolvendo a empresa China international Found (CIF).
O antigo ministro de Estado e chefe da Casa militar, Manuel Hélder Vieira Dias Júnior "Kopelipa", que terça-feira, 03, negou em tribunal que o Gabinete de Reconstrução Nacional (GRN), que dirigia na altura, tenha concedido um empréstimo de 150 milhões de dólares à China Sonangol Internacional, Lda, uma empresa sedeada em Hong Kong, referiu que foi Manuel Vicente que chefiou a delegação angolana que participou no processo de negociação com os chineses.
Segundo "Kopelipa", foi Manuel Vicente que apresentou ao antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, o programa de investimento que os empresários se predispunham a realizar no território nacional.
Referiu que só tomou conhecimento de que havia uma delegação angolana na China para tentar atrair empresários para investir em Angola, logo após ter sido nomeado director do recém-criado Gabinete de Reconstrução Nacional (GRN).
Os arguidos são acusados pelo Ministério Público dos crimes de peculato, burla por defraudação, falsificação de documentos, associação criminosa, abuso de poder, branqueamento de capitais e tráfico de influência.