As causas da morte do jovem Inocêncio Alberto de Matos, de 26 anos, ocorrida no passado dia 11 de Novembro, continuam a gerar controvérsias entre as autoridades governamentais, forças de segurança e familiares.
Os parentes do malogrado não concordam com o resultado da suposta autópsia atribuída às autoridades sanitárias, segundo a qual a morte resultou de ferimentos no crânio, causados por um objecto contundente. Para os familiares, o jovem foi assassinado pela Polícia.
Já a Procuradoria-Geral da República adianta que se prevê, ainda para esta semana, a realização de uma segunda autópsia que deverá contar com representantes de todas as partes em conflito.
Por sua vez, a direcção do Hospital Josina Machel, onde os familiares alegam ter sido realizada a suposta autópsia, diz não saber de nenhum inquérito, pois a morgue onde está o corpo não é da responsabilidade daquela unidade hospitalar.
Em contrapartida, estas informações desencontradas e sem confirmação da realização de uma autópsia competente, no entendimento do pai da vítima, Alfredo Miguel Matos, alimenta a desconfiança de uma possível manipulação das reais causas da morte. Segundo ele, não tem dúvidas de que o seu filho terá sido assassinado com arma de fogo pelos agentes da corporação, durante os protestos do 11 de Novembro, na antiga Avenida Brasil.
"Não corresponde à verdade, por se tratar de um processo no qual a família não foi tida nem achada, para, pelo menos, testemunhar e assinar o relatório final", referiu.
Agastado com a situação, Alfredo Matos contou ao Novo Jornal que, quando as autoridades sanitárias começaram a realizar a suposta autópsia, a família simplesmente foi expulsa da sala onde se encontrava e sem justificação.
"No momento em que fomos à morgue para acompanhar a autópsia do Beto, fomos impedidos de testemunhar ou de fazer parte dela. Ora, momentos depois, pediram-nos que regressássemos, alegando que já a tinham realizado. Como é possível realizar autópsia sem a presença da família?", questionou, acrescentando que normalmente esse processo é feito na presença de alguns familiares e que não foi realizada autópsia, em virtude de não assistirem nem terem tido acesso aos resultados de forma documental.
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