A nossa crise - na sua componente económica, financeira e cambial -, está a criar também interessantes oportunidades para o aumento da produção agrícola.

Tenho a convicção, desde há muito, que nas condições de Angola o acesso aos mercados por parte dos agricultores pode gerar, por si só, importantes incrementos da produção agro-pecuária. Logo que se deram os primeiros passos na reconstrução das estradas apareceram nas suas bermas pequenos mercados e foi notória a movimentação de mercadores - homens e mulheres - que usavam viaturas alugadas para adquirirem bens de origem agrícola posteriormente vendidos nas cidades (Luanda e Benguela/Lobito principalmente) e até mesmo nos países vizinhos.

Em províncias como o Uíge, onde os mercados rurais têm forte tradição, surgiram mercadinhos simples e funcionais, alguns deles especializados em certos produtos como banana, crueira ou maquesso, ou jinguba, com periodicidade definida e sem qualquer interferência, pela positiva ou pela negativa, de órgãos do Estado.

A iniciativa privada em pequena escala ditou as regras. Do Uíge saía banana para Malanje, por exemplo, e ao Uíge chegava tomate do Namibe e de Benguela ou outras hortícolas do Kwanza-Sul. O milho da Huíla e a batata e as hortícolas do Huambo destinavam-se a Benguela.

Com ou sem outros apoios do Executivo a produção mercantil ganhou considerável animação. Infelizmente não foram tais iniciativas complementadas com outras medidas de política que permitissem ampliar essas dinâmicas, quer do ponto de vista produtivo, quer do de outros elementos da cadeia de valor.

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