Falando à margem da assinatura do Acordo de Financiamento do Projecto de Revitalização do Ensino Técnico e Formação Profissional, ontem, em Luanda, o representante da União Europeia em Luanda, Tomas Ulicny, garantiu, sem se alongar nos comentários, que as conversações com Angola prosseguem para garantir a presença da UE nas eleições gerais.

"Neste momento estamos prontos, estamos a discutir com as autoridades angolanas", limitou-se a avançar Tomas Ulicny.

As declarações do embaixador da UE em Angola surgem uma semana depois de o ministro das Relações Exteriores, Georges Chikoti, ter afirmado que o país não está disponível para receber lições de Bruxelas em matéria de organização do processo eleitoral.

Em causa está a exigência europeia de assinatura de um documento onde Angola se deveria comprometer com um conjunto de condições e garantias, para poder contar com os observadores europeus na votação de 23 de Agosto.

"Não esperamos que alguém nos venha impor a sua maneira de olhar para as eleições e dar alguma lição, como também não pretendemos dar lições" sobre a realização de eleições noutras paragens, afirmou o chefe da Diplomacia, em declarações ao Jornal de Angola.

"É assim que o continente (africano) funciona em matéria de eleições", reforçou o governante.

Face a este impasse, Georges Chikoti reafirmou que Angola convidou a União Europeia para enviar os seus observadores, tal como aconteceu em 2008 e 2012, sublinhando mesmo que a generalidade das condições impostas por Bruxelas poderiam ser cumpridas, mas garantindo que Luanda recusa a assinatura de qualquer memorando de entendimento nele constando a garantia de cumprimento de condições.

A UE é uma das organizações e entidades convidadas pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) para observar as eleições deste ano e uma das poucas que ainda não viu confirmada a sua presença na lista de observadores.

Tal como sucede com, por exemplo, a União Africana ou, entre outras, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), igualmente na lista dos convidados indicados pela Presidência da República, o Governo angolano compromete-se com a segurança dos seus enviados nas deslocações no território, mas não aceita colocar essa garantia num documento, como exige a UE.

"O convite é aberto. Mas não queremos quaisquer acordos específicos com cada uma destas organizações. Quem quiser vir, vem e quem não quiser, pode não vir, mas o certo é que o convite é aberto", disse ainda Georges Chikoti.