Angola lidou com competência estratégica o jogo dos "oitavos" deste CAN na Costa do Marfim, derrotando a vizinha Namíbia por uns convincentes 3-0, já com os olhos postos na Nigéria, o mais que provável, e agora confirmado, adversário nos quartos-de-final, claramente superior aos Camarões, como se veio a comprovar em campo, no passado Sábado, apesar do resultado rasante das Super-Águias, apenas por um zero.

Se com a Namíbia no horizonte, e depois de vários "africanos" sem sucesso na última década, Angola mostrava-se, como o analista desportivo, o jornalista João Armando, advertia, confiante mas com cuidados redobrados perante o risco do excesso de optimismo, agora, com a poderosa Nigéria, um dos gigantes do futebol africano, o segredo é manter o optimismo mas redobrar os cuidados e o foco.

Apesar de a história demonstrar que a Nigéria é uma das grandes selecções africanas, no presente, esse pedo esvai-se nos resultados obtidos nas últimas competições internacionais, com menos exuberância no... "placard".

No confronto directo entre Super-Águias e Palancas Negras, o último jogo foi já há tanto tempo, em 2005, na disputa de boa memória para o Mundial da Alemanha, onde os angolanos deixaram, com uma vitória em Luanda por 1-0 e um empate em Lagos por 1-1, os nigerianos em casa, que não serve de comparação efectiva para o que se vai passar esta sexta-feira na Costa do Marfim, mas, como se sabe, no campo do simbolismo também se marcam golos...

O que pensa deste jogo o analista desportivo João Armando?

O jornalista e analista desportivo João Armando, na análise para o Novo Jornal, chama a atenção para o facto de a Nigéria se apresentar em campo, se se atender ao ranking da CAF, com um poderio superior ao de Angola, de 6º para 28º, o que faz "deste, seguramente, o jogo mais complicado" para a selecção nacional nesta competição.

"Treinada pelo português José Peseiro (o que faz deste duelo também um duelo de treinadores portugueses), a Nigéria apresentou-se neste CAN como um dos candidatos ao título", e basta olhar, argumenta João Armando, também director do económico Expansão, para as principais casas de apostas no que diz respeito ao jogo desta sexta-feira, onde a Nigéria surge claramente como favorita.

"Também a maioria dos apostadores não acredita muito na nossa equipa", adverte o jornalista, que recorda, porém, que nos confrontos directos entre a Nigéria e Angola, o que se verifica é um equilíbrio, sobressaindo, nos 12 jogos realizados, os sete empates, para três derrotas e duas vitórias dos Palancas Negras.

E, nota João Armando, uma dessas vitórias foi "muito importante no apuramento para o Mundial de 2006, em Luanda, permitindo a Angola estar na Alemanha, eliminando os nigerianos depois do empate que conseguimos em Lagos", sublinhando que as duas equipas nunca se defrontaram numa fase final de um CAN.

"O grande dilema do seleccionador é se vai manter a mesma estrutura da equipa, ou se, tendo em conta o poderio da Nigéria, vai fazer algumas adaptações", diz, acrescentando que "a primeira opção é se mantém dois centrais ou vai para uma estratégia diferente, chamando Kinito à equipa e sacrificando um dos médios".

"Angola já jogou com centrais na preparação, mas parece-me que não o irá fazer. Possivelmente poderá trazer mais um homem para o meio-campo, Keliano ou Zine, sacrificando Gilberto, jogando em 4x4x2, com Gelson e Mabululu na frente", antecpa.

O analista desportivo admite, todavia, que Pedro Gonçalves "pode também manter o sistema e o onze que tão bem jogou frente à Namíbia, embora com os alas mais perto do meio-campo, pois será um suicídio iniciar este jogo a querer jogar de igual para igual com a Nigéria".

"O mais importante para a equipa é que consiga recuperar a tranquilidade e o foco, depois da pressão e do show que foram sujeitos com esta coisa das ofertas, feitas directamente aos jogadores por alguém que tinha a responsabilidade de pensar primeiro no País. Desfocar os nossos jogadores, ultrapassando todas as regras do bom senso, não agradou nada ao nosso seleccionador. Embora não o tenha dito publicamente, sabemos por informações que nos chegaram da Costa do Marfim, que está muito zangado com esta tentativa de interferir no seu trabalho", atira a matar o jornalista João Armando.