A prática de crédito informal, popularmente conhecida como "juros", é, em muitas zonas do País, o principal recurso que pais e outros responsáveis de famílias encontram para conseguir acautelar as questões de alimentação, saúde, educação e outras necessidades emergentes.
Por exemplo, Malude António, 32 anos, admite ao Novo Jornal que foi graças ao recurso a crédito informal, na qualidade de entidade que cede dinheiro emprestado, que conseguiu realizar o sonho da casa própria. O técnico de Construção Civil, morador do município de Cacuaco, explica que, enquanto credor, costume que desenvolve desde 2011, conseguiu verbas suficientes para adquirir a parcela de terra onde está a erguer a sua residência.
"Mesmo trabalhando como pedreiro, foi a fazer juros que consegui juntar dinheiro para comprar o meu espaço", diz Malude António.
Mas nem tudo são rosas neste negócio que os próprios fazedores consideram "arriscado". Por exemplo, citando a sua experiência de uma década como "bombeiro" nas horas em que o salário se revela insuficiente para as despesas, Malude recorda já se ter envolvido com pessoas a quem emprestou livremente dinheiro, mas, na hora da devolução, serviram-se de desculpas esfarrapadas para justificar o incumprimento.
É, por isso, com bastantes receios que Nócia Figueira, outra credora informal ouvida pelo NJ, aborda os meandros deste negócio. Ao contrário de Malude António, que se pode gabar de ter conseguido um lar por via disso, a jovem diz ter deixado esta prática e, aliás, não recomenda "ninguém a enveredar por ela", tendo em conta os elevados riscos que se correm, os quais acarretam, como no seu caso, a possibilidade de se sofrer "perdas de somas avultadas".
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