A Rússia considerou hoje que a redução do fornecimento de determinadas armas à Ucrânia anunciado pelos Estados Unidos aproxima o fim da guerra, enquanto Kiev anunciou que estava a tentar clarificar a situação com Washington.
Um alto funcionário da Casa Branca (presidência dos Estados Unidos) disse à televisão norte-americana CNN que o secretário da Defesa, Pete Hegseth, autorizou a suspensão dos fornecimentos de armas à Ucrânia, incluindo mísseis antiaéreos, segundo a agência de notícias espanhola EFE.
"Quanto menos armas forem entregues à Ucrânia, mais próximo estará o fim da operação militar especial", disse o porta-voz do Kremlin (presidência russa), Dmitri Peskov, citado pela agência de notícias France-Press (AFP).
Operação militar especial é a designação oficial da Rússia para a invasão da Ucrânia, que Moscovo lançou em Fevereiro de 2022.
Peskov acrescentou que, tendo em conta as informações tornadas públicas, "a razão para esta decisão são os arsenais vazios, a falta de armas nos arsenais dos Estados Unidos", o que foi confirmado pela imprensa americana.
Em Kiev, um conselheiro do presidente Volodymyr Zelensky disse que a Ucrânia estava a tentar clarificar a situação com Washington, o primeiro apoio militar do país desde 2022.
"Estamos a esclarecer a situação", disse à imprensa Dmytro Lytvyne.
Segundo o conselheiro de Zelensky, "a comunicação com a parte norte-americana prossegue actualmente a todos os níveis".
O fornecimento suspenso inclui interceptores para os sistemas de defesa aérea Patriot, segundo funcionários do Pentágono (defesa), citados pela EFE.
Abrange também projécteis de artilharia guiados com precisão e mísseis que a força aérea ucraniana dispara a partir de aviões F-16 fabricados nos Estados Unidos, acrescentaram as mesmas fontes.
Os Estados Unidos foram o principal fornecedor de armas a Kiev desde o início da invasão russa, mas as coisas mudaram desde que Donald Trump se tornou presidente, em Janeiro deste ano.
De acordo com o último relatório do Instituto Kiel, que acompanha as entregas de armas ocidentais à Ucrânia, a Europa já ultrapassou os Estados Unidos no total da ajuda prestada.
Os europeus enviaram 72 mil milhões de euros em ajuda militar, contra 65 mil milhões de euros dos norte-americanos, segundo o instituto alemão, citado pela EFE.
Hegseth já tinha anunciado recentemente uma redução da ajuda militar à Ucrânia no próximo orçamento, argumentando que a prioridade deveria ser o exército norte-americano.
"Esta administração tem uma visão muito diferente do conflito. Acreditamos que uma solução negociada e pacífica é do interesse de ambas as partes e da nossa nação", disse ao Congresso dos Estados Unidos.
Volodymyr Zelensky também já tinha afirmado que Washington iria enviar para o Médio Oriente os 20.000 mísseis que deveria fornecer a Kiev no âmbito de um acordo alcançado com a administração de Joe Biden.