Segundo as informações que estão a ser divulgadas pelos media especializados, o primeiro depósito está situado ao longo da consta tunisina, ao largo de Tunes, e o segundo ao longo da costa líbia, ao largo de Sirte.
Segundo o relatório do USGS, estas descobertas somam mais de 4 biliões de barris (4.000.000.000.000) de petróleo e mais de 385 mil milhões de m3 de gás natural, o equivalente a 1,47 biliões de barris de gás liquefeito.
Com esta descoberta, as reservas conhecidas da Líbia, que já tem das maiores do mundo, vão duplicar, enquanto a Tunísia tem agora todas as condições para se impor como um dos maiores produtores do continente africano.
Estes números são ainda mais impressionantes quando se considera que a Líbia já é hoje o 3º maior produtor do continente, a seguir à Nigéria e à Argélia, estando igualmente angola, enquanto o segundo maior da África subsaariana, atrás da Nigéria, no grupo dos "grandes", mas conta com a 3ªa maior reserva conhecida do mundo, o que equivale a 39% das reservas conhecidas em África.
Estas descobertas, que podem contribuir para aumentar a importância do continente africano na produção de energia, tem, por outro lado, a condição a prazo de ameaçar diluir o rendimento vital actual da vizinha Argélia e também de Angola e Nigéria, porque se sabe que, tradicionalmente, a exploração da matéria-prima nesta região tem um breakeven substancialmente mais baixo que o da Nigéria e de Angola, em média.
Mas as ameaças não são apenas estas, como o Novo Jornal noticiou aqui e aqui, também a Namíbia começa a emergir como um potencial gigante da produção de hidrocarbonetos, tanto on shore como o seu offshore, como o demonstram as recentes descobertas da TotalEnergies e da Shell, no sul do país.
Mas, enquanto estas descobertas não se materializam em energia extraída, os mercados de crude preparam-se para fechar esta semana com ganhos importantes depois de na passada semana se ter assistido a um momento de pânico e as normais perdas nesses cenários, com o barril a tombar mais de 10 USD.
Assim, o barril de Brent, que serve de principal referência para as ramas exportadas por Angola, estava esta manhã, perto das 10:45, a valer 75,05 USD, menos 1,16% que no fecho de quinta-feira, denotando estes números uma aproximação à estabilidade desejada pelos países produtores mais dependentes destas receitas, como é o caso de Angola.
E em Angola...
... com o barril a valer pouco mais de 75 USD, o Governo angolano volta a estar menos pressionado no que diz respeito a uma possível revisão do OGE 2023, que foi elaborado com um valor de referência para o barril que fica confortável com esta realidade.
Angola porque ainda depende em grande medida do seu sector energético, considerando que o crude representa mais de 90% das suas exportações, perto de 30% do PIB (tem vindo a descer nos últimos anos o peso do sector) e mais de 50% das receitas fiscais do Estado, sendo certo que o sector do gás natural já é uma importante fonte de receitas, superando mesmo o diamantífero.
Aliás, o Governo de João Lourenço, que elaborou o seu OGE para 2023 com um preço de referência para o barril nos 75 USD, tem ainda como motivo de preocupação a divulgação em Novembro de 2022 de um relatório da consultora Fitch Solutions, onde se antecipa uma redução da produção de petróleo na ordem dos 20% na próxima década, com origem no desinvestimento em toda a extensão do sector, deste a pesquisa à manutenção, quando se sabe que o offshore nacional, com os campos a funcionar, está em declínio há vários anos devido ao seu envelhecimento, ou seja, devido à sua perda de crude para extrair.