Em comunicado, o FMI destaca que a economia angolana "está em transição para uma recuperação gradual de múltiplos choques, incluindo aqueles induzidos pela pandemia de covid-19".

"As autoridades têm apoiado a recuperação através de políticas sólidas que visam estabilizar ainda mais a economia, criar oportunidades de crescimento inclusivo e proteger os mais vulneráveis da sociedade angolana. O ajuste fiscal em curso, em face do impacto da pandemia, está reforçando a sustentabilidade da dívida, ao mesmo tempo que permite um aumento dos gastos sociais e de saúde, salienta a instituição sediada em Washington, nos Estados Unidos, acrescentando que "as autoridades também inclinaram a sua política monetária no sentido de contenção, considerando a inflação persistentemente elevada".

Na conclusão da revisão, o Fundo aprovou também o pedido do Executivo de renúncia pelo não cumprimento do critério de desempenho contínuo sobre a não acumulação de atrasos de pagamento da dívida externa pelo Governo Central e Banco Nacional de Angola, refere o comunicado em que acrescenta que "a visão política das autoridades continua sã, e continuam empenhados no programa económico apoiado pelo Programa de Financiamento Ampliado".

Na sequência da discussão do Conselho Executivo sobre Angola, Antoinette Sayeh, directora executiva adjunta e presidente interina do FMI, destacou que o Governo angolano continua "a fortalecer as finanças públicas e a dinâmica da dívida".

Para o FMI, Angola alcançou um forte ajuste fiscal em 2020 e está a caminho de fazer o mesmo em 2021, ao mesmo tempo que o Executivo aumenta os gastos sociais e de saúde.

"Ao economizar a maior parte das receitas inesperadas do petróleo neste ano, estão a ajudar a sustentar a rápida redução projectada das vulnerabilidades da dívida pública. A sua decisão de solicitar uma extensão do alívio do serviço da dívida ao abrigo da Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) até ao final de Dezembro de 2021 é bem-vinda", lê-se no comunicado.

Sobre a política do Banco central, o Fundo afirma que o Banco Nacional de Angola (BNA) "mudou de forma adequada a sua orientação de política no sentido de contenção, dadas as contínuas pressões inflaccionistas. Os recentes ajustes de política para conter a oferta de moeda são bem-vindos, e o BNA deve mover-se rapidamente para apertar ainda mais se a inflacção não começar a desacelerar significativamente. As autoridades confiaram apropriadamente na flexibilidade da taxa de câmbio como amortecedor".

Por último, a instituição de Bretton Woods, alerta para a necessária "reestruturação pendente de um banco público em dificuldades".

"A forte recuperação do crescimento não petrolífero é crítica para a sustentabilidade. As autoridades precisam manter o ímpeto nas reformas estruturais que apoiem ??um crescimento diversificado mais forte, melhorem a governança e combatam a corrupção ", lê-se por último no comunicado.

O programa de ajustamento financeiro foi acordado com o FMI em Dezembro de 2018, num valor de 3,7 mil milhões de dólares, que aumentou em Setembro de 2020 para cerca de 4,5 mil milhões de dólares.

Até à data foram libertados pelo FMI cerca de 3 mil milhões de dólares, a que se junta agora o valor anunciado (772 milhões USD).

No mesmo dia em que o FMI aprovou a libertação imediata de mais 772 milhões de dólares, a Lusa divulgou uma entrevista que a ministra das Finanças concedeu à agência de informação financeira Bloomberg, onde esta afirma que o País não deverá ir aos mercados este ano e deixa em aberto a possibilidade de acordo sobre um novo programa com o Fundo no final do ano.

Vera Daves explicou que o Executivo "não tenciona emitir títulos de dívida em moeda estrangeira ['Eurobonds'] este ano", acrescentando que o Governo está a "trabalhar muito" para cumprir as metas do programa acordado com o a instituição norte-americana.

Questionada sobre se Angola está a considerar um novo programa no final deste, que termina em Dezembro, a ministra respondeu: "Estamos agora a discutir e a avaliar as várias opções que temos no final do programa, estamos a olhar para as vantagens e desvantagens de cada opção e a discuti-las com a missão, com a equipa do FMI e internamente no Governo", refere a Lusa.