Apesar de a parte da empresária angolana, que decidiu deixar o capital social da empresa após ter sido conhecida a informação contida em milhares de ficheiros reunidos pelo hacker português Rui Pinto e cujo conteúdo foi divulgado pelos jornalistas do ICIJ no caso que ficou conhecido por Luanda Leaks, ainda não ter sido alienada, os efeitos da sua decisão já estão a ter consequências.

Segundo informa hoje a imprensa portuguesa, face ao cenário de dúvida sobre o futuro da empresa, os trabalhadores pediram a intervenção do Governo e o Secretário de Estado da Economia garantiu que vai "acompanhar e contribuir" para uma solução na Efacec.

Entretanto, na segunda-feira, a Comissão de Trabalhadores reuniu-se com o Secretário de Estado da Economia, João Neves, após um pedido de reunião de emergência feito nesse sentido por temer pelo futuro dos 2.600 postos de trabalho, tendo sido explicado que as assinaturas de alguns contractos estão a ser proteladas devido aos problemas de Isabel dos Santos na justiça angolana e portuguesa.

O jornal i diz que os trabalhadores "solicitaram ao Governo que a parceria entre a Efacec e a empresária Isabel dos Santos terminasse o mais rapidamente possível" porque "quanto tempo mais tempo perdurar, mais prejuízos serão causados à empresa".

Entretanto, para piorar o cenário nesta empresa, a parte da quota social que pertence, ainda, a Isabel dos Santos, que a mesma disse estar a alienar com urgência, e que tinha sido adquirida em 2015, quando a Efacec estava em risco de falência, tendo injectado 200 milhões para a revitalizar, passando a deter mais de 67% do capital, pertencendo o restante ao Grupo José de Mello e à Têxtil Manuel Gonçalves.

Em Janeiro, a empresária angolana colocou os seus 67,5% da Efacec à venda mas até ao momento ainda não surgiram interessados com uma decisão tomada.

Os bancos que financiaram este negócio de Isabel dos Santos, todos portugueses, o BCP, Novo Banco e Caixa Geral de Depósitos, podem estar neste momento com um problema nas mãos e terem como alternativa mais razoável ficarem com a quota da empresária e filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos na Efacec.

Os outros sócios, minoritários, o Grupo José de Mello e a Têxtil Manuel Gonçalves, não querem a parte de Isabel dos Santos, refere o i.