Esta subida do preço do barril acontece depois de mais um ataque de rebeldes houthis, no Iémen, com ligações ao Irão, durante o fim-de-semana, contra instalações petrolíferas da Arábia Saudita, mas a tendência tem sido de crescimento desde que a OPEP e os seus aliados (OPEP+) decidiram manter os cortes de produção praticamente inalterados em Abril.

Segundo a consultora Eaglestone, a decisão da OPEP+ de manter os cortes na produção reforçou as perspectivas favoráveis para o preço do crude, o que se traduz numa notícia positiva para Angola, pois ajuda a recuperação económica e as contas públicas do País.

"Entretanto, os investidores estão cada vez mais optimistas em relação à evolução do preço do petróleo, com o crescimento da procura a poder ultrapassar o nível de oferta que a OPEP+ puder vir a repor no mercado", refere a consultora.

"De facto, alguns investidores antecipam que o preço possa atingir os 75-80 dólares até ao verão, altura em que a procura é mais elevada".

A Eaglestone salienta também que "alguns investidores acreditam que o preço do Brent possa voltar a cotar acima dos 100 dólares nos próximos 18-24 meses, assumindo que a melhoria dos alicerces económicos levará a um crescimento mais rápido da procura, a produção da OPEP+ manter-se-á contida e a falta de investimento manterá a oferta de petróleo de xisto limitada nos EUA".

A consultora diz, no entanto, que esta previsão está longe de obter consensos, com as projecções actuais a apontarem para um preço médio um pouco abaixo dos 65 dólares até 2025.

O que, apesar de tudo, resultaria num impacto positivo nas contas públicas angolanas: "A conclusão é clara: o governo angolano poderá registar um superávit orçamental em 2021 (para o mesmo nível de despesas já assumidas no OGE) se o preço do petróleo se mantiver nos níveis actuais".

"Como exemplo, se o preço médio do crude atingir os 60 dólares este ano então o governo registaria um superávit representando 3% do PIB. Relembre-se que o orçamento actual prevê um défice de 2,2% do PIB assumindo um preço médio de 39 dólares", refere a consultora.

A Eaglestone declara que o governo continua a reiterar o seu empenho na consolidação das contas públicas e na sua agenda de reformas, mas, "apesar disso, a dívida pública continua muito elevada, com este rácio a atingir mais de 130% do PIB em 2020".

"Isto reflete a forte depreciação do kwanza nos últimos anos (mais de 80% da dívida pública está denominada ou indexada a moeda estrangeira) e a recessão desde 2016", acentua a consultora.

"Apesar da queda continuada na produção de crude, as perspectivas para o seu preço são uma notícia positiva para Angola, já que ajuda a recuperação económica e as contas públicas do país, enquanto que a recente estabilização do kwanza deverá contribuir para a sustentabilidade da dívida", explicou.

Angola poderá não estar ainda perto de ver uma melhoria na avaliação das principais agências de rating, "mas mesmo assim, o governo deveria aproveitar a enorme ajuda que o preço do petróleo mais elevado deverá trazer nos próximos meses", concluiu.