Por detrás desta subida de quase 1%, para 75,21 USD, face ao fecho da sessão de terça-feira, está a divulgação de dados que apontam para um descida importante nos stocks norte-americanos, deixando em evidência que a procura tem-se mantido à frente da capacidade de oferta pelos mercados.

Isto, apesar de se esperar já em Agosto um aumento da produção da OPEP+, organização que junta os países da OPEP e os seus aliados com a Rússia à frente, e que desde o início de 2020 retirou dos mercados, estrategicamente, cerca de 10 milhões de barris por dia (mbpd) da sua produção corrente como forma de controlar o negócio fortemente pressionado em baixa pela pandemia.

Com o arrefecimento do ímpeto pandémico devido ao processo global de vacinação e com o subsequente aligeiramento dos confinamentos nas grandes economias do planeta, a OPEP+ tem vindo a aumentar progressivamente a produção e, actualmente, esta já recuperou cerca de metade do valor expurgado dos mercados inicialmente.

Mas na sua mais recente reunião de topo, este "cartel" optou por anunciar que vai aumentar de forma acentuada a sua produção na medida em que esta tem do outro lado um claro aumento no consumo.

O petróleo já subiu mais de 40% este ano, tendo mesmo ultrapassado os 45% em alguns períodos deste mês, mas esse movimento em ascensão tende a perder fulgor nos próximos meses porque a OPEP+ tem já para Agosto prometidos mais 400 mil bpd, com sinais de que este valor pode ser revisto muito em breve e em alta.

Isso, tendo em conta, como sublinham alguns analistas, que a procura impõe medidas mais radicais na diluição dos cortes e alguns membros do "cartel" também estão a pressionar nesse sentido, como é, desde logo, o caso dos EAU e da Rússia.

Mas, como tem sido evidente nos últimos 16 meses, é o Sars CoV-2 que terá a última palavra, mesmo que essa possa ficar calada para sempre se a vacinação massiva assim o ditar, embora as deficiências de cobertura destas campanhas, nomeadamente nos países em desenvolvimento, possam gerar novas variantes deste coronavírus e deitar por terra um esforço jamais visto de imunização planetária.

Para Angola, este percurso em alta do barril tem sido um "maná" porque, com o País a atravessar a sua mais grave crise económica e social em muitos anos, qualquer acrescento no valor da matéria-prima, que vale 95% das exportações nacionais e perto de 60 por cento do seu PIB, é sinónimo de menos aperto nas contas públicas.

Acresce a isso que estes aumentos permitem ao Governo mais versatilidade da gestão das contas públicas porque o OGE 2021 está assente num valor do barril médio de 39 USD.