No West Texas Intermediate (WTI), em Nova Iorque, a referência para o crude consumido nos Estados Unidos, apesar de ter deixado os valores astronomicamente em baixa, -40 por barril, por exemplo, na segunda-feira, com o fim das vendas dos futuros de Maio, os 11:27 por barril, cerca das 09:30 de hoje (hora de Luanda), é igualmente um pesadelo para esta indústria, com milhares de empregos a evaporarem com esta crise no sector e centenas de falências diárias entre os pequenos produtores.
Em síntese, o Brent e o WTI, as mais importantes referências - benchmark - mundiais para a matéria-prima, são, por estes dias, a evidência de que a indústria petrolífera está a ser varrida pela tempestade perfeita - diminuição brutal da procura, excesso de oferta e esgotamento da capacidade de armazenamento, inclusive nas reservas estratégicas das grandes economias mundiais, que se julgava quase inesgotáveis.
Para países como Angola, cuja economia depende em grande medida das exportações de petróleo, que representam mais de 95% de tudo o que o país vende para o exterior, este cenário é o pior que podia aparecer pela frente, e, ainda por cima, depois de o Executivo ter revisto o Orçamento Geral do Estado (OGE 2020) por causa dos preços à volta dos 50 USD nas últimas semanas de 2019 e início deste ano, então abaixo dos 55 usados como referência para a sua elaboração.
Na versão revista do OGE, que vai ser aprovado entre Maio e Junho, o valor de referência para o barril é de 35 USD, o que se poderá revelar insuficiente se o actual registo - basta lembrar que o valor de hoje em Londres é metade, pouco mais de 17 USD - se mantiver como parece estar para suceder, segundo a opinião da generalidade dos analistas, embora com a ressalva de que tudo poderá ser alterado se for encontrado um tratamento eficaz para a Covid-19, que gerou a pandemia que está por detrás da crise económica que originou o problema.
E as dificuldades do Executivo são já evidentes, como o prova a decisão do Ministério das Finanças de suspender todos os contratos que não tenham financiamento garantido, traduzida por uma ordem assinada pela ministra das Finanças Vera Daves, excluindo "contratos e procedimentos dos sectores da saúde, educação e acção social", assim como os "relativos ao abastecimento logístico, saneamento básico e outros cuja fonte de financiamento se encontre previamente assegurada".
O Ministério das Finanças (MinFin), numa nota enviada às redacções, explica que a resolução vem na sequência da aprovação das medidas transitórias de resposta à baixa do preço do petróleo e ao impacto da pandemia da Covid-19.
Esta decisão, que coloca claramente em evidência as preocupações do MinFin, foi divulgada na semana de maior turbolência no sector petrolífero desde que o crude foi descoberto como potencial fonte de energia, em finais do século XIX, como o Novo Jornal descreve aqui e aqui.