Meio ano depois do início das operações, o concessionário dos serviços ferroviários e logística do Corredor do Lobito registou, ontem, 15, o primeiro descarrilamento, no Moxico, envolvendo uma composição que transportava enxofre para a actividade mineira na República Democrática do Congo (RDC), que aguarda pelas mais de 34 mil toneladas acondicionadas no Terminal Mineraleiro do Porto.
Não são conhecidas ainda as causas do acidente, sem vítimas, mas uma equipa técnica da Lobito Atlantic Railway (LAR), o concessionário, está já no terreno a efectuar levantamentos, soube o Novo Jornal.
Enquanto aguarda que os Estados Unidos da América libertem os 550 milhões de dólares, o primeiro desembolso do investimento anunciado pelo Administração Biden, para aquisição de meios rolantes, a LAR está a usar, para operações internas e externas, vagões e locomotivas antes pertencentes ao Caminho-de-ferro de Benguela (CFB).
O seu presidente do Conselho de Administração, Francisco Franca, disse recentemente que o dinheiro deverá chegar ainda este ano.
O plano estratégico do concessionário do Corredor do Lobito, formado pelas empresas Mota Engil (Portugal), Trafigura (Suíça) e Vecturis (Bélgica), passa igualmente por obras nas infra-estruturas, principalmente estações, e reforço da linha.
Este reforço, nunca detalhado pelas autoridades angolanas, foi defendido também pelo ministro dos Transportes, Ricardo d"Abreu, quando abordado a propósito de descarrilamentos
Maquinistas e analistas apontavam para supostas debilidades decorrentes da forma como os chineses reabilitaram a ferrovia, que terá deixado uma bitola desajustada a padrões internacionais.
Tanto que, conforme noticiou já o NJ, não bastará apenas adquirir os 473 vagões, sendo certo que os equipamentos terão de estar ajustados à linha.
O Novo Jornal tentou arrancar pronunciamentos da área comercial da LAR, que tem o desafio de colocar na região de Katanga (RDC) o enxofre proveniente do Qatar, mas tal não se tinha verificado até à publicação desta matéria.
Segundo a Angop, o CFB suspendeu a venda de bilhetes para o trajecto Kuito (Bié)/Luena, sobretudo porque não se sabe até ao momento a dimensão da linha danificada em consequência do descarrilamento.