As contas da petrolífera estão plasmadas no seu relatório divulgado no seu site oficial, onde é explicado que a "redução drástica das receitas provenientes das vendas de petróleo bruto e do elevado grau de imparidades registados, devido à redução verificada no preço do barril de petróleo".
Isso levou ainda, explica o documento, "a uma redução das reservas provadas da empresa tendo em conta o ano anormal vivido, por causa da pandemia da covid-19".
Mas a empresa destaca como positivo o facto de ter sido concluído em 2020 o Programa de Reestruturação e a aplicação de um novo modelo de organização, bem como o seu saneamento das suas finanças que permitiu poupar quase 1,5 mil milhões USD, colocando o ênfase na diminuição da importação de combustíveis, dos custos de actividade e de estrutura, ou ainda com os seus trabalhadores.
No documento é apontado como azimute para até 2027 aumentar a quota de produção nacional de 2 para 10% com a nova estratégia de Exploração e Produção, colocando com boas perspectivas o desenvolvimento do projecto da refinaria do Lobito e a conclusão da fase inicial da de Cabinda.
Angola tem hoje uma produção diária próximo dos 1,2 milhões de barris por dia, o que aponta para um continuado ao longo dos anos, muito por causa do envelhecimento dos seus campos e a falta de investimento em pesquisa por parte das "majors" que operam no país, seja por desinteresse face a alternativas menos onerosas, seja porque a Covid-19 veio dar uma machada significativa nas aspirações da empresa, que apostava na descoberta de novos campos tendo, para isso, investido mais de 2 mil milhões USD em embarcações perfuradoras.
A Sonangol, como foi abordado recentemente, também tem os olhos postos na transição energética, por causa dos efeitos dos gases poluentes gerados com a queima de hidrocarbonetos na atmosfera, o que tem empurrado os gigantes mundiais do sector para apostas cada vez maiores na energia verde em vez do tradicional universo dos combustíveis fósseis.
Angola é um dos países na linha da frente das repercussões do sobe e desce dos mercados petrolíferos, devido à sua dependência das exportações de crude para o equilíbrio das suas contas - o petróleo ainda é responsável por mais de 94% das exportações e mais de 60 por cento dos gastos do Executivo e acima de 50% do PIB.
A produção actual, em constante declínio, está abaixo dos 1,2 mbpd devido ao desinvestimento das "majors" a operar no offshore nacional, especialmente a partir de 2014, quando se verificou uma quebra abrupta do valor do barril, que passou de mais de 120 USD para menos de 30 dois anos depois, em 2016, bem como devido ao esgotamento/envelhecimento dos campos mais activos.
Apesar das mudanças substanciais na legislação referente ao sector e às alterações profundas nesta indústria decisiva para o País, a produção demora a arrancar para os patamares mais próximos daqueles que se viram no passado, especialmente por causa da deterioração da infra-estrutura produtiva que desde 2014 viu os investimentos das "majors" descer, a fraca aposta na pesquisa por novas reservas e o envelhecimento de alguns dos mais importantes poços activos no offshore nacional.
Para já, com o barril acima dos 72 USD, o Executivo de João Lourenço conta com uma folga de mais de 33 USD em cima dos 39 USD que foi o valor usado como referência para a elaboração do OGE 2021, o que permite encarar com maior optimismo esta saída esperada da crise mundial, apesar dos fortes constrangimentos que a economia nacional enfrenta.
E, no âmbito do esforço do Governo para que o País não deixe de estar no radar dos investidores, aprovou em Conselho de Ministros um diploma de define regras e procedimentos para a atribuição de concessões petrolíferas em Regime de Oferta Permanente.
Isto vai permitir a promoção e negociação de blocos licitados não adjudicados e, segundo o comunicado deste CM, o documento legal permitirá permanentemente "a promoção e negociação de blocos licitados não adjudicados, de áreas livres em blocos concessionados e de concessões atribuídas à Concessionária Nacional, para potencializar e atrair investimentos nas actividades de exploração e produção de petróleo e gás natural, mediante o procedimento de concurso público".