Este concurso público, que visa a conclusão do projecto de refinaria do Lobito, que já vem de 2000, tendo a primeira pedra sido colocada em 2012, pelo então vice-presidente Manuel Vicente, e depois de ali terem sido gastos largos milhões de euros, foi lançado em Julho deste ano.

As propostas que entretanto já deram entrada ou que venham ainda a chegar à Sonangol, vão ser validadas, ou não, na sexta-feira, 15, pelas 10:00, em Benguela.

Durante o lançamento do concurso ficou claro que a validação das propostas iria depender de factores determinantes como a capacidade financeira, técnica e um histórico de conhecimento neste tipo de infra-estruturas, elementos essenciais para que o projecto não volte a tropeçar.

Esta refinaria por concluir chega a 2021 depois de anos a fio envolta em polémicas e depois de ter sido formalmente lançada em 2012, estando então prevista a sua conclusão para cinco anos após essa data.

Tal como no seu lançamento, há quase uma década, prevê uma capacidade de processamento de até 200 mil barris por dia e resultou de um plano estabelecido em 2000, quando a empresa definiu a sua estratégia para resolver o crónico défice de combustíveis refinados no país, que contava, então e hoje, com uma única refinaria, em Luanda, erguida na década de 1950, e com capacidade limitada a menos de 60 mil barris por dia.

Com a refinaria do Lobito a Sonangol previa acabar com a importação de combustíveis que, ainda hoje, impõem gastos indirectos anuais ao Estado, na forma de subsídios, de perto de 2 mil milhões USD.

No lançamento da 1ª pedra, cerimónia presidida pelo então vice-Presidente da República e antigo PCA da Sonangol, Manuel Vicente, onde estiveram ainda o PCA da empresa, Francisco de Lemos, e o ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos, o projecto foi apontado como uma das grandes obras da "nova Angola" saída do conflito armado uma década antes e que daria a liberdade energética ao País.

No entanto, depois de ali terem sido gastos vários milhares de milhões de dólares, valor nunca tornado público mas que a imprensa tem dado como certo terem sido entre 4 a 6 mil milhões USD, as obras deste empreendimento estratégico para Angola foram interrompidas em 2016 por decisão da então PCA da Sonangol, Isabel dos Santos, que assim decidiu justificando com a necessidade de rever as grandes opções estratégicas nacionais face à crise que enfrentava na altura.

Inicialmente esta infra-estrutura previa a criação de 10 mil postos de trabalho e tinha um orçamento, várias vezes revisto, de 12 mil milhões USD, que foi revisto para metade em 2018, mas que, antes do lançamento da 1ª pedra tinha sido apresentado como sendo de 6 mil milhões, sofrendo reajustes sucessivos.

O actual projecto não difere muito do inicial, como o demonstrou o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino de Azevedo, que em Julho descrevia a Sonaref como estando projectada para refinar 200 mil barris por dia e gerar oito mil postos de trabalho directos e indirectos, durante a construção, e depois quatro mil na fase de produção.

O governante adiantava ainda que esta infra-estrutura vai reverter o actual quadro onde o País importa 80% dos combustíveis que consome, contando o plano de desenvolvimento nacional 2018/2022, onde está esta refinaria, com esta unidade para dar outra eficiência à economia nacional.

Recorde-se que Angola tem ainda em andamento a construção de mais duas refinarias, no Soyo e em Cabinda, com menor capacidade de refinação.

Dados de 2019 dizem que o País gasta perto de 1,8 mil milhões USD em importação de combustíveis refinados.