Num pedido de financiamento para ajudar as comunidades vulneráveis atingidas por sucessivas secas, altos preços dos alimentos e conflitos, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), enfatizaram que a emergência não mostra sinais de recuperação.

A FAO afirmou que o estado de fome pode ser declarado nas próximas semanas se nada for feito. Segundo a agência, as mortes relacionadas com a seca já estão a verificar-se e o número pode ser muito maior em áreas rurais de difícil acesso, em comparação com o total em acampamentos para famílias deslocadas.

Durante a crise de fome de 2011, 340 mil crianças necessitaram de tratamento para desnutrição aguda grave, disse o porta-voz do Unicef, James Elder, confirmando, numa conferência de imprensa, em Genebra, que o número actual é de 513 mil crianças.

"Um pesadelo que ainda não havíamos visto neste século", afirmou.

Em Junho, o Unicef informou que 386 mil crianças precisavam de tratamento para desnutrição aguda grave. A agência informa que esse número galgou para mais de meio milhão, éum aumento de 33%, com outras 127 mil menores em risco de morte.

De acordo com a FAO, aproximadamente 6,7 milhões de pessoas na Somália provavelmente sofrerão altos níveis de insegurança alimentar aguda entre Outubro e Dezembro deste ano. Isso inclui mais de 300 mil que ficaram sem recursos pela tripla emergência do país.

Nas comunidades pastoris, as pessoas contam que o gado está "a morrer como moscas", de acordo com a representante da FAO na Somália, Etienne Peterschmitt, que explica que o número de pessoas forçadas a deixar as suas casas pela fome é preocupante.

Segundo ela, a situação da seca está a espalhar-se "a um ritmo alarmante": mais distritos e regiões enfrentam níveis de emergência de insegurança alimentar à medida que os efeitos cumulativos de várias estações chuvosas fracassadas "cobram o seu preço".

Num apelo por mudanças radicais para impedir que a fome volte a acontecer, o representante do Unicef descreveu as "cenas perturbadoras" que já estão a ocorrer na região mais afectada da Somália.

Segundo Elder, as crianças somalis já estão a morrer, acrescentando que alguns centros de estabilização estão abarrotados de crianças gravemente doentes que recebem tratamento no chão.

Para o porta-voz do Unicef, com mais financiamento, crianças com desnutrição aguda podem receber alimentos e ficar fortes o suficiente para evitar doenças, acrescentando que crianças severamente desnutridas têm até 11 vezes mais probabilidade de morrer de diarreia e sarampo do que aquelas que estão bem nutridas.

A resposta da ONU pretende alcançar as comunidades mais vulneráveis para evitar o deslocamento em

A assistência humanitária vem aumentando e atingiu uma média de 3,1 milhões de pessoas por mês entre Abril e Junho deste ano. A situação evoluiu e afectou 4,5 milhões de pessoas por mês entre Julho e Setembro, segundo Peterschmitt da FAO.