Depois das eleições de 29 de Maio, onde o ANC perdeu, pela primeira vez desde 1994 a maioria absoluta, foi criada, por iniciativa do Presidente Cyril Ramaphosa, uma coligação alargada para garantir estabilidade governativa na África do Sul.
Com o país mergulhado numa histórica crise económica e problemas socais sem precedentes, o ANC e a AD, mais nove pequenos partidos, deram um sinal de que o país estaria a partir de então à frente dos interesses dos partidos.
Só que, de forma surpreendente, como avançaram os media sul-africanos, a AD manteve a correr uma acusação no Tribunal Eleitoral que deu entrada antes das eleições e que configurava um alegado e ilegal aproveitamento do cargo por Ramaphosa para fazer campanha.
Na acusação, a AD pretendia, e pretende, que o Tribunal Eleitoral, como sanções, retire 1% dos votos do ANC na secretária, aplique uma multa de mais de 10 mil USD ao Presidente Ramaphosa e mais de 5.000 USD ao seu partido, por abuso de cargo oficial para obtenção de dividendos partidários em campanha eleitoral.
E quando se esperava que a AD, depois de assinado o acordo de coligação, retirasse a queixa, a opção foi a inversa, mantendo a queixa que preconiza um castigo severo ao seu parceiro e líder da coligação.
O ANC já reagiu em comunicado, considerando que se trata de uma "acusação frívola e insustentada" porque o Presidente Ramaphosa cumpriu com os preceitos constitucionais aquando do discurso que conduziu à queixa da AD.
Nesse discurso, menos de uma semana antes das eleições de 29 de Maio, Ramaphosa aludiu a um conjunto de medidas de sucesso do seu Governo, o que a oposição viu como uma forma de uso do cargo para promover o voto no ANC.
O processo de concretização da coligação (ver links em baixo nesta página) foi duro e demorou semanas após as eleições, e esta decisão da AD, que muitos no país ainda encaram como herdeira do antigo regime do apartheid, apesar da evolução para uma composição multiétnica e se afastar ideologicamente desse período, está a ser vista por alguns analistas sul-africanos como uma forma de pressão sobre o ANC, revela algum tipo de fricção na coligação ou é para manter uma distância útil para novos embates eleitorais.