Perto de 22 milhões de eleitores - a população total é de cerca de 54 milhões - são aguardados nas urnas para escolherem entre quatro candidatos quem vai dirigir o país nos próximos quatro anos, mas as sondagens não deixam dúvidas de que apenas dois podem almejar ao cargo, Raila Odinga, que é um veterano da política queniana e personifica a oposição no país há décadas, e William Ruto, que é um antigo criador de frangos que se considera o campeão da luta pelos direitos dos pobres e tem ocupado o cargo de vice-Presidente há oito anos.
Na corrida estão ainda David Mwaure, um advogado e pastor, e George Wajackoyah, um professor catedrático de Direito, que deverão ficar pelo caminho sem hipótese de uma segunda volta, de acordo com as últimas sondagens, que, ao contrário de Angola, podem ter lugar em período de campanha eleitoral, dando, todavia, estas uma ligeira vantagem de três a seis pontos a Raila Odinga.
A corrupção é ainda hoje um dos grandes problemas do país que em 2007 viveu um dramático período pós-eleitoral com mais de mil mortos registados nos tumultos que se seguiram à suspeita vitória de Mwai Kibaki quando as sondagens davam uma larga vantagem a Odinga, cujos apoiantes acusaram KIbaki de ter roubado a eleição do seu líder.
Nestas eleições, a comissão anticorrupção do país aconselhou a expulsão da corrida a mais de 240 candidatos às eleições regionais, incluindo assembleias regionais e governadores.
Mas a corrupção não é o único grande problema dos quenianos, também o desemprego galopante, com mais de 40% da população com entre 18 e 34 anos sem trabalho, a inflação imparável e a dívida externa estratosférica são dor de cabeça garantida para o próximo Presidente.
Se Raila Odinga vencer estas eleições poder-se-á dizer que a persistência compensa porque esta é a 5ª vez que concorre ao cargo, tendo, em todas as anteriores contestado os resultados, embora desta feita tudo indique que vá, finalmente, ocupar o lugar, até porque conta com o apoio de Uhuru Kenyatta (na foto, ao meio, com Odinga à direita e Ruto à esquerda), o seu antigo feroz adversário.
Segundo os analistas quenianos, estas eleições, como, de resto, nas anteriores, os eleitores estão focados na boa governação e não em questões ideológicas, porque o país tem uma taxa de pobreza extrema pouco dignificante para um dos países que mais tem crescido economicamente no continente, entre 5 a 6 por cento nos últimos anos, com um forte sector turístico, embora observe actualmente sérios problemas no sector agrícola devido à seca prolongada.
Mas os históricos dos dois principais concorrentes colocam Odinga como mais inclinado para a esquerda, como um passado socialista, enquanto Ruto é claramente um homem do centro-direita, tendo vindo a acentuar a sua inclinação para as políticas vincadamente mais empresariais e menos sociais.