"Se essa for a vontade de Deus, eu continuo. Se não for, a gente passa aí a faixa, e vou-me recolher", declarou o Presidente brasileiro, na segunda-feira à noite, numa entrevista a um podcast destinado a jovens evangélicos.

"Com a minha idade, eu não tenho mais nada a fazer aqui na Terra se acabar essa minha passagem pela política aqui em 31 de dezembro do corrente ano", acrescentou.

Nas últimas semanas, Bolsonaro, de 67 anos, tem atenuado um pouco a sua retórica mais combativa numa tentativa de atrair um eleitorado mais ao centro.

De acordo com a última sondagem do instituto Datafolha, na sexta-feira, Bolsonaro, apesar de ainda muito atrás do principal adversário, o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (34% contra 45%), tem vindo a diminuir gradualmente a diferença, que em finais de maio era de 21 pontos percentuais.

"Não sou o salvador do país, não sou eu que vou salvar o Brasil", disse também Jair Bolsonaro durante a entrevista de segunda-feira à noite, que durou mais de quatro horas.

O Chefe de Estado falou directamente aos jovens, dizendo que a sua decisão nas eleições poderia "marcar o seu futuro", antes de criticar os governos de esquerda em vigor na maioria dos outros países sul-americanos.

"Faça comparações com outros países, o que os líderes desses Estados têm em comum onde estas políticas (esquerdistas) não funcionam, e pergunte-se se é isto que quer para o Brasil", sublinhou.

A eleição presidencial no Brasil tem a primeira volta marcada para 02 de outubro e a segunda volta, caso seja necessária, no dia 30. No ato eleitoral, os brasileiros também escolherão membros do Congresso, governadores de estado e das assembleias regionais.

Líder indígena brasileiro assassinado com cinco tiros nas costas

Um líder indígena guarani-kaiowá, principal grupo étnico do sul do Brasil, foi morto a tiro na terça-feira no Mato Grosso do Sul, região onde os conflitos pela terra são frequentes, informaram as autoridades.

Victorino Sanches, de 60 anos, que tinha sobrevivido a um atentado contra a sua vida há pouco mais de um mês, foi assassinado no centro da cidade de Amambai, quando estava prestes a entrar num veículo.

Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o homem liderava a luta pela recuperação de terras numa área de conflito em Amambai, onde dois outros povos indígenas foram mortos desde junho.

O líder do grupo étnico guaraní-kaiowá conseguiu chegar vivo ao hospital, mas não resistiu aos cinco tiros nas costas, de acordo com o relatório médico.

O indígena tinha sido vítima de um ataque na mesma cidade a 2 de agosto, depois de atacantes terem disparado mais de 15 tiros contra o carro em que viajava, ferindo-o no braço e na perna.

Embora os conflitos fundiários sejam frequentes no Mato Grosso do Sul, a situação agravou-se nos últimos anos sob o Governo do Presidente, Jair Bolsonaro, que proibiu a demarcação de territórios indígenas e negligenciou reservas já reconhecidas, dando lugar a invasões de terras.

Segundo o Cimi, em 2021 foram registadas quase 1.300 invasões violentas das reservas dos povos indígenas.