A Polícia Federal brasileira abriu uma investigação para procurar os autores desta nova ameaça de morte a Lula da Silva que, se as sondagens estiverem certas, vai derrotar Bolsonaro no próximo Domingo, o que, a acontecer, configurará uma muito rara situação em que um Presidente que procura um segundo mandato é derrotado.

Segundo os media brasileiros, as ameaças sobre Lula da Silva indicam que o candidato do Partido dos Trabalhadores vai ser alvejado na sede do Instituto Lula, em São Paulo.

Como nota ainda imprensa brasileira, esta não é a primeira vez que Lula é ameaçado de morte, sendo de destacar um vídeo divulgado por um aliado de Jair Bolsonaro, o empresário Luiz Henrique Crestani, nas redes sociais, em que é visto a disparar uma arma contra um alvo com a cara de Luiz Inácio Lula da Silva.

A Lusa recorda que este caso está nas mãos das autoridades, tal como o de outro empresário apoiante de Bolsonaro, José Sabatini, que apareceu noutro vídeo a lamber uma arma e a "ordenar" a Bolsonaro, depois de ganhar as eleições, a dar um golpe no Senado e no Supremo Tribunal.

O candidato do Partido dos Trabalhadores tem agendado um desfile de campanha pelas principais ruas de São Paulo como o último evento, para as eleições de domingo, antes de viajar para o Rio de Janeiro esta sexta-feira para um último debate televisivo com Bolsonaro.

Com a aproximação da segunda volta das eleições de domingo, crescem os receios de um alargamento da violência pós-eleitoral.

Na primeira volta, há cerca de um mês, Lula da Silva ganhou com uma folga substantiva mas inferior ao que as sondagens apontavam, que colocavam como forte possibilidade uma vitória do candidato da esquerda logo na primeira volta.

Face ao colapso da credibilidade das sondagens, os actuais estudos de opinião estão a ser encarados no Brasil com grande desconfiança e a ligeira vantagem que apontam a Lula não pode ser um indicador seguro para a sua anunciada vitória.

É por isso que Lula tem preferido o contacto directo com os eleitores em detrimento dos debates com Bolsonaro, tendo já faltado a dois, o que, segundo alguns analistas, se pode revelar um tiro pela culatra, visto que o candidato da extrema-direita que defende valores próximos do fascismo e claramente xenófobo e misógino, tem aproveitado estes momentos para atacar fortemente o homem da esquerda, a quem chama ladrão e ex-presidiário em cada frase que profere na televisão.

Isto, apesar de ser já hoje claro que a detenção de Lula foi resultado de uma notória manipulação do sistema judicial, que teve como Pivot o juiz Sérgio Moro, que depois foi ministro de Bolsonaro, acabando por sair em rota de colisão com este.

Supremo rejeita pedido para investigar Bolsonaro sobre meninas venezuelanas

Entretanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou pedidos feitos pela oposição brasileira para investigar o Presidente do país, Jair Bolsonaro, devido a declarações sobre menores venezuelanas onde este disse que tinha "pintado um clima" com meninas de 14 anos do país vizinho.

"Mais uma vez, observo que o Poder Judiciário não pode ser instrumentalizado pelas disputas político-partidárias ou mesmo ideológicas, dando revestimento jurídico-processual ao que é puramente especulativo e destituído de bases mínimas de elementos aptos a configurar a necessária justa causa para a persecução penal", declarou, citado na imprensa local, o juiz André Mendonça.

"A despeito das especulações levantadas na maioria das representações, não há quaisquer elementos minimamente concretos, ou mesmo lógicos, a indicar na fala presidencial que algum ato de ofício tenha sido retardado ou deixado de ser praticado", acrescentou, citado pela Lusa.

A campanha de Lula da Silva tem adotado como estratégia associar Jair Bolsonaro à pedofilia depois de o Presidente afirmar ter-se encontrado com raparigas venezuelanas entre os 14 e os 15 anos na periferia de Brasília, a quem pediu para o deixar entrar em sua casa depois de "pintar um clima".

O chefe de Estado pediu desculpa por ter insinuado que as jovens refugiadas venezuelanas em Brasília eram prostitutas, mas alegou que as suas palavras foram "distorcidas" pela oposição.

Numa entrevista a um "podcast", Lula da Silva disse que "Bolsonaro se comporta como um pedófilo".

Revista Nature considera Bolsonaro uma "ameaça" para a ciência e para o desenvolvimento - Lusa

A revista científica Nature descreveu o Presidente brasileiro Jair Bolsonaro como um "populista" ao estilo do ex-presidente norte-americano Donald Trump, afirmando que representa uma "ameaça" para a ciência, os povos indígenas e o desenvolvimento do seu povo.

Num editorial publicado hoje, a revista acusa Bolsonaro de ter assumido o cargo "negando a ciência, ameaçando os direitos dos povos indígenas e promovendo as armas como solução para os problemas de segurança".

"Bolsonaro foi fiel à sua palavra. O seu mandato foi desastroso para a ciência, para o ambiente e para o povo brasileiro", observou a revista, que criticou ainda os cortes feitos pelo actual Governo brasileiro na área da educação.

A Nature comparou Bolsonaro com o "ex-colega populista dos Estados Unidos" Donald Trump, com quem coincidiu na negação dos "avisos dos cientistas sobre o coronavírus", bem como dos "perigos da doença".

Ao mesmo tempo que criticou duramente Bolsonaro, a revista elogiou algumas das políticas de financiamento levadas a cabo durante os mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em domínios como a educação, ciência e ambiente.

"Durante algum tempo, o Brasil quebrou a ligação entre a desflorestação e a produção de carne de bovino e soja. Parecia que o país poderia ser pioneiro na sua própria marca de desenvolvimento sustentável. Muito desse progresso foi desmantelado", lamentou a Nature.

Luiz Inácio Lula da Silva venceu a primeira volta das eleições com 48,4% dos votos e Jair Bolsonaro recebeu 43,2%.