Depois de milhares de mortos e feridos e milhões de deslocados das suas terras, especialmente no norte do Burquina Faso, a junta militar que lidera o país depois de um golpe de Estado em Setembro de 2022, que derrubou o Presidente Paul-Henri Damiba, alegadamente devido à sua incapacidade de proteger o país dos jihadistas, quer agora provar que consegue fazer melhor e pretende levar a batalha contra os radicais aos seus acantonamentos.

Com o capitão Ibrahim Traore a liderar a junta militar e, por conseguinte, no cargo de Presidente interino, a luta contra os radicais islâmicos não parece, até ver, estar a ser melhor sucedida que com o anterior líder do país.

Com a chegada ao poder de Traore, o Burquina Faso cortou, praticamente na totalidade, as relações diplomáticas com a França e ergueu laços especiais com a Rússia, estando, segundo várias fontes, a contar com o famoso Grupo Wagner, mercenários ao serviço do Estado russo, apesar de se tratar de uma empresa privada paramilitar, no combate aos jihadistas.

Agora, sem conseguir mostrar serviço, o Governo de Traore decretou a mobilização geral, estando, ainda segundo as mesas fontes, a contar integrar os milhares de novos recrutas em unidades de combate acompanhadas por "cooperantes" russos do Grupo Wagner.

Citado pelos media locais, o director do Departamento de Justiça Militar, François Yameogo, explicou que esta medida visa conferir ao Estado todos os meios necessários para levar a cabo a sua missão de erradicar do país os grupos terroristas.

E acrescentou que este passo é um dos vários que integram um plano que está a ser elaborado há meses para acabar de uma vez por todas com o problema dos grupos islâmicos radicais.

No mesmo passo, o Presidente tem agora mais poderes, incluindo a restrição de direitos civis e a capacidade de mobilizar bens privados para o esforço de combate aos radicais que desde 2015 fazem do Burquina Faso um sítio de violência e morte.

Praticamente todas as semanas, como o Novo Jornal tem noticiado (ver links em baixo nesta página), são divulgadas notícias de ataques a aldeias no norte do país, com dezenas de mortos e feridos, sendo igualmente frequentes os ataques às caravanas que procuram fazer chegar bens essenciais às localidades do norte, muitas delas cercadas pelos insurgentes.

O Estado vê-se obrigado a levar a cabo estas missões de elevado risco porque, caso contrário, a região do norte do país, próxima do Mali e Níger, passa a ser território ocupado pelas forças rebeldes, o estádio inicial de uma incontornável caminhada secessionista.