Há muito que a Nova Zelândia, que, na perspectiva de um europeu ou de um norte-americano, fica do outro lado do mundo, com a vantagem de pertencer ao "primeiro mundo", é descrito nas obras de ficção, mas também em alguns artigos mais sérios, como o país mais seguro para os milionáros escaparem a uma catástrofe biológica global e, agora, esse cenário, por causa do novo coronavírus Covid-19, pelo menos em parte, parece estar a confirmar-se.

Se os mais pobres ou remediados estão a criar condições para se refugiarem em casa, como aconselham as autoridades de saúde um pouco por todo o mundo, seguindo as indicações da Organização Mundial de Saúde (OMS), comprando alimentos, água e... papel higiénico em quantidades anormais, para os super-ricos, a solução, como relatam vários media de todo o mundo nestes dias, é não só diferente mas também em grande estilo, luxuosa e... radical.

Desde preparar os seus aviões privados ou alugando-os, com serviços médicos personalizados, enfermeiras e médicos com equipamentos apropriados, como ventiladores para emergências, como relata o The Guardian, ou criar zonas seguras e inexpugnáveis em casas de férias fora das grandes cidades, como aponta a Forbes, ou ainda o New York Times, a revista Time..., os milionários mostram que não estão para brincadeiras.

Quase todos os grandes media internacionais foram ver como estão os milionários a lidar com esta pandemia e numa coisa todos coincidem: quem tem muito dinheiro não brinca em serviço e, por exemplo, se os testes realizados nos hospitais são apenas para quem responde aos requisitos de probabilidade de contaminação, os mais ricos não estão sujeitos a estas limitações, vão às mais luxuosas clínicas de Londres, Paris ou Nova Iorque, onde pagam o que for preciso para obterem o seu teste para poderem dormir sossegados.

Ou não... como foi o caso do actor Tom Wanks e a sua mulher, que, na Austrália, depois de se sujeitarem à testagem, descobriram que estavam infectados.

Os que não têm no dinheiro qualquer preocupação, nem imediata nem distante, para além de terem acesso a testes de forma imediata, de adaptarem a sua alimentação de acordo com o melhor aconselhamento médico, até o exercício físico parece não ser todo igual perante o novo coronavírus, como avança a Bloomberg, os milionários norte-americanos, europeus, indianos, russos... estão a voar literalmente para longe, o mais longe possível, do circuito mais apertado da pandemia.

E sem perderem nada em qualidade de vida, conforto, lazer, diversão... partem, nos seus aviões privados, readaptados para as suas famílias, artilhados com a mais avançada tecnologia que lhes permite estar sempre atentos aos negócios. O Irish Times chama a estas fortunas a vacina dos ricos contra o Covid-19.

E, a Nova Zelândia está, claramente na parte de cima da lista dos destinos preferidos pelos mais abastados para se manterem fora do circuito do risco de contágio, especialmente por parte dos que enriqueceram a partir da indústria tecnológica de Silicon Valley. E a explicação também parece ser evidente para os media que divulgaram esta preferência dos milionários da Google, da Apple, etc...

A Nova Zelândia, no sudoeste do Oceano Pacífico, para além das duas principais ilhas, a Ilha do Sul e a Ilha do Norte, tem dezenas de ilhas vagamente habitadas, não é um destino óbvio para as classes médias por ser mais caro que os normais destinos turísticos, integra a lista dos países mais desenvolvidos e é o "primeiro mundo" mais perto de nada e de coisa nenhuma, mas as ruas de Wellington, a sua capital, se os ricos não conseguirem resistir, permite um passeio muito semelhante ao que dariam nas cidades onde vivem normalmente, podem beber o mesmo chá numa esplanada chique, o mesmo whisky raro, o mais refinado Brandy, o melhor e mais velho vinho do Porto ou um Xerez de eleição.

Muitos estão a optar ainda por viver literalmente ao largo, offshore, nos seus iates de luxo, o que lhes permite fazer de conta que estão apenas de férias, longe do reboliço dos pobres e dos remediados.

Mas, como como relata o The Guardian, os milionários que, mesmo assim, teimam em ficar por perto, em Londres, por exemplo, tomaram de "assalto" as mais luxuosas clínicas, onde estão na linha da frente para a toma da vacina assim que esta for revelada e, na falta desta, os especialistas estão a criar fórmulas com múltiplas vitaminas e minerais ministradas por via intravenosa que garante, pelo menos assim é vendida, um fortalecimento dos sistemas imunitários dos endinheirados com medo do novo coronavírus.

Em Paris, Londres, Nova Iorque... quem não quis sair para evitar o contágio, está a mandar erguer barreiras como se de uma guerra se tratasse nas suas casas, garantindo, em algumas situações, o segredo e o anonimato através de contractos ou acordos robustos, elaborados pelos seus advogados.

Muitas destas pessoas não vão ser infectadas pelo Covid-19, é quase certo, mas do ridículo não se devem safar.