O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguey Lavrov, provavelmente o mais experiente responsável pelas relações externas das grades potências militares, disse hoje estar convencido que o Presidente norte-americano Donald Trump não vai atacar a Coreia do Norte por saber que o país possui, "seguramente", armas nucleares.
Lavrov foi ainda mais longe e, citado pelas agências a partir da TV estatal russa, afirmou que os EUA só atacaram o Iraque, referindo-se à Guerra do Golfo, entre 1990 e 1991, e à invasão do Iraque, em 2003, por saberem com firmeza que o país não possuía armas nucleares.
Estas palavras, que facilmente podem ser interpretadas como um convite a Kim Jong-un para se sentar à mesa com os "crescidos", ou seja, dar-lhe importância de potência nuclear, por forma a melhor o convencer a aceitar voltar às negociações, podem igualmente ser notadas pela possibilidade de serem uma advertência aos EUA de que Moscovo pode não alinhar com as intenções belicistas de Washington, apesar de já ter criticado veementemente os testes nucleares e de mísseis norte-coreanos.
Difícil, no entanto, parece ser adivinhar se esta estratégia de Lavrov vai a tempo de impedir o pior, depois de Kim Jong-un ter chamado "desequilibrado mental" a Trump e Trump ter dito que o "rocket man", referindo-se ao Presidente da Coreia do Norte, é "maluco", ao mesmo tempo que se prometem a destruição mútua, com o mundo a assistir a tudo isto como se não fosse, provavelmente, a mais sólida ameaça à paz global desde o fim da Guerra Fria.
Desde a "fúria e fogo" de Trump prometida para cair sobre Pyongyang e a "onda de fogo" prometida por Jong-un para atingir Washington, desta feita, tanto um como outro chegaram ao ponto em que, se as palavras do ministro dos Negócios estrangeiros norte-coreano, Ri Yong Ho, forem levadas a sério, o mundo deve mesmo preparar-se para uma catástrofe global: "É inevitável atacar os EUA", disse ele.
Ri Yoing Ho disse isto, justificando que o ponto de não-retorno foi Trump ter, numa "irreparável falta de respeito", chamado "rocket man" a Jong-un, acrescentando na AG da ONU: "Mais ninguém está numa missão suicida a não ser Trump".
"No caso de se perderem vidas inocentes nos Estados Unidos por causa deste ataque suicida, Trump vai ser o responsável", adiantou, dizendo que o seu país, parecendo alinhado com Serguey Lavrov, é "um estado nuclear responsável" mas que as medidas preventivas "poderão ser implacáveis".
A Assembleia geral da ONU terá ouvido nestes dias, em Nova Iorque, algumas das intervenções aparentemente mais desequilibradas proferidas por Chefes de Estado e ministros, tendo deixado um claro amargo de boca generalizado, especialmente aos vizinhos da Península Coreana, dividida desde 1953 entre as coreias do Norte e do Sul: Japão, Rússia e China.
Os apelos à calma chegaram de todo o lado, mas a China foi mais longe, começando a cortar o abastecimento de bens essenciais a Pyongyang, nomeadamente combustíveis, conforme impõem as sanções da ONU.
Entretanto, recorde-se, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguey Lavrov, foi deixando mais recados, repisando na ideia de que uma guerra entre a Coreia do Norte e os EUA e aliados seria catastrófica para "muitas centenas de milhares de pessoa , tanto na Coreia do Sul como na do Norte e também no Japão, Rússia e China".
Lavrov, visivelmente irritado, afirmou mesmo que as trocas de "mimos" enttre Jon-un e Trump parecem "coisa de crianças", sublinhando, todavia, que as acções de Pyongyang "não podem passar impunes" embora não veja nada que permita aconselhar o início de uma guerra.
Para já, do inevitável conflito visto de Pyongyang, os EUA acabam de fazer passar os seus poderosos bombardeiros mesmo junto à costa da Coreia do Norte.
Como num jogo de pingue-pongue, agora é esperar para ver o que fará Jong-un como resposta a esta "mensagem" dos norte-americanos.