"O Governo considerou e aprovou uma proposta do Ministério da Saúde para reduzir o terceiro semestre em duas semanas, a fim de descongestionar as escolas que possam aumentar a vulnerabilidade das crianças às infeções por MVE [Doença por Vírus Ébola] ", afirmou a Ministra da Educação, Janet Museveni, citada pela Lusa.

"As escolas de enfermagem, primárias e secundárias fecharão para o terceiro semestre na sexta-feira, 25 de novembro de 2022", declarou, acrescentando que as escolas "terão de realizar exames um pouco mais cedo a partir da próxima semana".

A 20 de Setembro o Governo ugandês assumiu oficialmente o ressurgimento do vírus Ébola, a mais grave febre hemorrágica que se conhece.

Museveni informou que foram identificados 23 casos de infecção em crianças, oito das quais morreram, e 16 outras foram colocadas em quarentena a partir de 04 de Novembro de 2022 para avaliar uma possível infecção pelo vírus.

Entre os casos de infecção estão 11 crianças que frequentam cinco escolas na capital Kampala, no vizinho distrito de Wakiso e Mubende, acrescentou.

"O encerramento precoce das escolas reduzirá as áreas de concentração onde as crianças estão em estreito contacto diário com outras crianças, professores e outro pessoal que pode espalhar o vírus", afirmou a ministra.

O vírus do Ébola foi descoberto pela primeira vez na RDC, província do Equador, em 1976, passando dos animais selvagens, como macacos, para o homem, especialmente quando a sua carne é usada como alimento, tendo já sido registadas neste país 12 epidemias.

O Uganda é a terceira que vive, sendo o responsável um vírus com características únicas proveniente do Sudão.

A epidemia mais grave de sempre ocorreu em 2013/14, na África Ocidental, com epicentro na Serra Leoa e Libéria, tendo morrido mais de 11 mil pessoas, abrangendo ainda Conacri e Nigéria, deixando mais de 100 mil infectados e uma forte perturbação socio-económica em toda a região, tendo as vacinas experimentais sido fundamentais para o seu controlo, senfdo estas aplicadas depois de a OMS ter declarado um problema de saúde pública internacional e atribuído a esta situação a categoria de pandemia.

O Ébola transmite-se através de fluídos corporais e contactos intensos entre portadores do vírus e pessoas não contaminadas, podendo ainda ser absorvido o vírus pelo organismo em contacto com objectos usados por indivíduos infectados.

Os sintomas mais comuns são semelhantes aos da malária, com febre, vómitos, dores musculares... evoluindo depois para hemorragias internas graves.

As autoridades do Uganda prolongaram, no sábado, por três semanas, o confinamento em dois distritos centrais, epicentros da epidemia, com proibição de viagens e encerramento de locais públicos.

O Estado aguarda a distribuição de duas vacinas que se encontram na fase final dos protocolos para o estudo antes que a Autoridade Nacional de Medicamentos emita licenças de importação.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) juntou-se, entretanto, ao Ministério da Saúde do Uganda para apoiar os testes de vacinas contra o Ébola, devido ao surto desta doença no país.