De acordo com algumas publicações norte-americanas, as suspeitas mais fortes recaem sobre uma misteriosa arma que usa feixes altamente concentrados de energia na forma de microondas semelhante à que, em 2015, terá sido usada em Havana, Cuba, sobre a comunidade diplomática dos Estados Unido, com os mesmos sintomas e efeitos na saúde das vítimas.
A questão já está a ser analisada nas mais altas instâncias da CIA, a principal agência de espionagem norte-americana para o exterior, tendo uma fonte revelado sob anonimato ao POLITICO que existem fortes suspeitas de que uma das entidades por detrás de, pelo menos, alguns destes ataques seja a conhecida unidade especial de "intelligentsia" das Forças Armadas da Rússia, o GRU.
No entanto, há outras informações disponíveis que referem a existência de ataques semelhantes, também denominados ataques sónicos, noutros locais do mundo, como, por exemplo, em Guangzhou, na China, onde, em 2017, diplomatas dos EUA sofreram dos mesmos problemas de saúde que os deixaram incapacitados temporariamente para o exercício das funções.
Estes casos foram registados pela primeira vez em Havana, Cuba, por diplomatas norte-americanos e canadenses, tendo, na altura, em 2016, sido explicados como fortes indisposições, dores de cabeça, mal-estar geral, insónias... provocadas por uma arma emissora de feixes concentrados de energia, embora até hoje existam dúvidas sobre se se trata de microondas ou som em ondas imperceptíveis para o ouvido humano mas causadoras de danos relevantes na saúde das vítimas.
Desde essa altura, em Havana, outros casos foram reportados, especialmente na China, mas sempre com "espiões" ou diplomatas dos EUA, ou de países aliados, como alvos, havendo mesmo rumores entre as chancelarias ocidentais de que estas emissões altamente concentradas de energia podem estar por detrás da morte de pessoas, nomeadamente por agressivas doenças cancerígenas.
O POLITICO, que refere ter estado em contacto com três pessoas ligadas a estas investigações pelo Congresso dos EUA, nota que ainda não existe uma "prova concreta e clara" de que é o russo GRU, uma temida agência de espionagem militar de Moscovo, que está por detrás destes ataques, mas que há fortes indícios que apontam nesse sentido.
O mesmo foi dito a esta publicação por uma fonte da Casa Branca, que referiu estar em curso uma activa investigação sobre este fenómeno, embora não exista ainda um quadro de evidências que permitam apontar num ou noutro sentido, ou, sequer, que se trate efectivamente de ataques inamistosos.
Estas fontes avançaram mesmo que o director da CIA, William Burns, está pessoalmente a gerir estas investigações com "briefings" diários, numa altura em que os EUA estão a ser especialmente visados por ataques de natureza "high tech" como foi o recente ataque cibernético à principal infra-estrutura de oleodutos da costa Leste, a Continental Pipelines, que afectou de forma robusta o fornecimento de combustíveis em mais de uma dezenas de estados, transtornando a vida a milhões de pessoas e companhias, incluindo de aviação, e levou a que o barril de crude subisse bastante nos últimos dias.
No entanto, de acordo com vários especialistas citados recentemente nos media internacionais, para além da Rússia e dos EUA, a China e Israel são os outros países que devem possuir esta tecnologia, embora as suspeitas incidam sobre Moscovo porque a nova Administração Biden tem apostado fortemente em encostar a Rússia à parede, fazendo deste país o novo "inimigo" preferido de Washington, quando para o anterior inquilino da Casa Branca, Donald Trump, esse estatuto estava colocado na China.
Apesar de altamente secreta, esta tecnologia tem sido referida em publicações especializadas nas últimas décadas do século XX, inicialmente como busca de um foco de energia, semelhante aos raios laser, capaz de danificar sofisticados aparelhos electrónicos, avões de guerra ou mesmo satélites, mas que, com a evolução registada já no século, estas armas misteriosas foram sendo adaptadas para ataques focados em pessoas, podendo Havana, em 2016, ter sido o primeiro teste em individualidades importantes.
Por detrás desta investigação estão há décadas os EUA, a Rússia, China, Israel e provavelmente alguns países europeus naquilo que já é conhecido como o "campo de guerra tecnológica irregular", cuja matéria-prima são as microondas, os campos electromagnéticos, diversos tipos de radiação ou mesmo através das múltiplas dimensões do som.
Como é a forma física destas armas, que tamanho possuem as mais avançadas, se podem ser manuseadas por uma única pessoa, a que distância podem ser operadas e são eficazes, são perguntas para as quais não existem respostas conhecidas.
No entanto, o assunto é sério e está a ser investigado a vários níveis, incluindo nas academias, como fica evidente com o relatório divulgado em 2020 pela Academia Nacional de Ciências dos EUA intitulado "Estranha doença nos funcionários do Governo dos EUA no estrangeiro" (tradução aproximada para melhor compreensão) que acabou por confirmar que estas pessoas foram vítimas de um feixe concentrado de energia, tendo este incidido especialmente sobre o caso de Guangzhou, partindo daí para outros registados em diversos pontos do mundo.
Todavia, este estudo da Academia Nacional de Ciências aponta como responsável pelos sintomas encontrados um substancial impulso energético de radiofrequência, considerando que este tipo de energia é a que melhor explica os efeitos sentidos nas vítimas.
E ficou ainda claro, tanto neste estudo da Academia Nacional de Ciências, como através de uma recente explicação pública por parte de elementos da CIA no Senado do Congresso dos EUA, que este tipo de ataques ocorre com uma frequência muito mais vasta do que se suponha anteriormente e com muito mais vítimas do que se pensava, como a CNN avançou recentemente.
A constatação levou mesmo, ainda segundo a CNN, a que este "briefing" da CIA no Senado se tornasse "agressivo" porque os senadores ficaram abismados por só agora estarem a saber as reais dimensões deste problema que afecta especialmente os funcionários do Governo no exterior, especialmente nas embaixadas, tendo o segredo, inclusive ao Congresso, sido mantido ao mesmo tempo que muitos destes "servidores públicos" sofriam estes ataques.
Aparentemente, embora sem nomear países, estes ataques estão a suceder um pouco por todo o mundo e em todos os continentes, tendo a CIA admitido ao Congresso que os principais ataques, o grosso das vítimas está, nos últimos anos, na Europa, demonstrando que a questão está a ganhar dimensão e que o problema tende a crescer, podendo mesmo estar a suceder uma espécie de nova corrido a armamento de m tipo para o qual, para já, não existe defesa ou antídotos.