No final da audiência, Huang Xia disse à imprensa que a Região dos Grandes Lagos vive uma "situação extremamente complicada" no Leste da República Democrática do Congo (RDC), que "pode levar a distúrbios ou mesmo a um conflito em grande escala".

O diplomata chinês ao serviço das Nações Unidas reconheceu a experiência de Angola na resolução de conflitos e afirmou que a diplomacia angolana pode contribuir para a pacificação da região.

Sobre a cimeira de Luanda, que está a ser preparada sob os auspícios do Presidente João Lourenço, para um diálogo, proximamente, entre os líderes da RDC e do Ruanda, respectivamente Felix Tchisekedi e Paul Kagame, considerou "importante" para o lançamento das bases para o diálogo entre as partes em conflito.

Garantiu que a ONU vai continuar a apoiar os esforços diplomáticos de Angola, para que haja um desfecho positivo na resolução desse conflito.

A nova crise entre os dois países da África Central, membros da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), começou a 27 de Maio deste ano, quando a RDC acusou abertamente o Ruanda de apoiar o grupo rebelde M23, que ressurgiu na província do Kivu-Norte, no Leste congolês-democrático.

O Chefe de Estado angolano, na sua qualidade de presidente da CIRGL, tem mantido contactos regulares com os seus homólogos da RDC e do Ruanda, para a busca de consenso e tentativa de evitar um conflito armado de maiores proporções na região.

Além de Angola e RDC, a CIRGL é integrada por Burundi, República do Congo, República Centro Africana (RCA), Ruanda, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia, Uganda e Zâmbia.

A organização foi criada com o objectivo de resolver questões de paz e segurança, após os conflitos políticos que marcaram a região em 1994.

Causas das sucessivas crises entre Kinshasa e Kigali

Entre a RDC e o Ruanda, os conflitos derivam de vários factores de animosidade histórica, de ódio sedimentado e de diversas concorrências de rendimento.

No período colonial, vários camponeses ruandeses foram instalados nas colinas de Masisi (RDC) pelos colonos alemães e belgas, sendo 25 mil entre 1933 e 1945, e 60 mil entre 1949 e 1955.

A administração colonial chegou a calcular em 170 mil o número de cidadãos ruandeses instalados no Congo, na mesma altura em que também se instalou no país a chamada comunidade ?banyamulenge".

Depois da independência do Congo, em Junho de 1960, toda a crise política no Ruanda e no Burundi provocava uma nova vaga de refugiados e uma linguagem agressiva de etnicidade da parte dos autóctones encontrados.