A informação foi divulgada pela presidência na sua página oficial no facebook.
"O Presidente João Lourenço pontualizou ao secretário-geral da ONU sobre as suas últimas diligências e António Guterres, na sequência, manifestou todo o seu apoio aos esforços de mediação do estadista angolano na RDC", lê-se na nota.
"António Guterres exprimiu, no telefonema, a urgência de falar também com o Presidente Félix Tshisekedi, do Congo Democrático, e Paul Kagame, do Ruanda", lê-se ainda na página oficial da presidência angolana no facebook.
O Presidente da RDC, Felix Tshisekedi, presidiu no sábado em Kinshasa a "uma reunião alargada do Conselho Superior de Defesa" para avaliar a situação após "uma série de ataques e ocupações de localidades congolesas (...) pelo M23" e decidiu expulsar o embaixador ruandês.
Kinshasa acusa há meses Kigali de apoiar o M23
Um relatório não divulgado pelas Nações Unidas, consultado em Agosto pela agência France-Presse (AFP), apontou o envolvimento ruandês com o M23 e, esta semana, um diplomata dos Estados Unidos na ONU deixou claro que as Forças de Defesa ruandesas estão a ajudar o M23.
O Ruanda nega e acusa a RDC - que também o nega - de conluio com as Forças Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR), um movimento rebelde hutu ruandês, com alguns dos seus elementos envolvidos no genocídio dos tutsis no Ruanda em 1994.
Discursando em Setembro na 77ª assembleia geral da Organização das Nações Unidas, Félix Tshisekedi encorajou o seu homólogo João Lourenço a prosseguir com as acções em prol da paz e estabilidade no seu país e destacou o Roteiro de Luanda acordado entre a RDC e o Ruanda, bem como o apoio à continuação do processo de paz de Nairóbi.
Em Julho, Félix Tshisekedi, e o seu homólogo do Ruanda, Paul Kagame, encontraram-se em Luanda para uma cimeira tripartida mediada por João Lourenço para discutir uma solução para o conflito armado na fronteira leste da RDC.
Na altura, João Lourenço assinalou os "progressos positivos" que resultaram num cessar-fogo entre outras medidas que constam de um roteiro para a paz.
As relações entre o Ruanda e a RDC, países vizinhos, deterioraram-se desde que a RDC recebeu, na sua parte leste, hutus ruandeses acusados de participar do genocídio de tutsis em 1994.
O M23 era inicialmente uma milícia congolesa formada por tutsis da RDC e, alegadamente, apoiada pelos governos de Ruanda e Uganda. Em 23 de Março de 2009, a milícia assinou um acordo de paz com o Governo congolês que culminou com a incorporação dos seus membros no exército da RDC.
Em Março último, a RDC acusou o Governo do Ruanda de enviar militares das forças especiais para o território congolês.