Volodymyr Zelensky questionou os seus aliados ocidentais se não viram, durante o ataque iraniano a Isarel, a importância da defesa antiaérea para "salvar vidas", depois de sucessivos pedidos de novos sistemas Patriot aos EUA e aos aliados europeus sem resposta.
Com a Rússia a cavalgar com sucesso a quase inexistência de sistemas de defesa antiaérea do lado ucraniano, Zelensky, mas também o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Dmitri Kuleba, têm feito veementes apelos aos aliados ocidentais para lhes fornecerem mais destes sistemas.
E isso é urgente porque nos últimos dois meses foram destruídos cerca de uma dezena, entre os norte-americanos Patriot, pelo menos três, os IRIS-T alemães e os S-300 ainda do tempo da União Soviética, deixando os céus livres para os misseis, drones, caças e bombardeiros russos.
Esta tormenta ucraniana pode estar a chegar ao fim, porque, finalmente, a maioria republicana da Câmara dos Representantes no Congresso norte-americano, segundo vários media internacionais noticiam esta terça-feira, 16, pode vir a levar a votação a proposta democrata do Presidente Joe Biden para fornecer apoio militar a Kiev no valor de 61 mil milhões USD.
Se esse pacote de ajuda for aprovado, o que ainda não é certo que o seja, mesmo se for levado a votação, porque a ala próxima de Donald Trump não aceita enviar qualquer tipo de ajuda militar aos ucranianos, alegando que quer acabar com a guerra no leste europeu, o curso da guerra será alterado e a resistência de Kiev ganhará novo músculo.
Se vai ser suficiente para garantir o sucesso de uma contra-ofensiva ucraniana, os analistas dividem-se, mas com bastante mais que isso dos EUA, além do apoio gigantesco dos aliados europeus, no Verão de 2023, Kiev falhou redondamente na sua tentativa de furar as linhas de defesa russas.
O "truque" do líder republicano na Câmara dos Representantes, Mike Johnson, para conseguir contornar os obstáculos da linha dura trumpista, é, segundo The Guardian, cavalgar o conflito no Médio Oriente, onde Israel tem forte apoio dos republicanos, juntando as verbas destinadas a Kiev, Telavive e Taiwan no mesmo pacote - de 95 mil milhões USD - levado a votação, embora depois os envelopes para cada um destes destinos possam ser apreciados em separado pelos congressistas.
Esta está a ser vista como a derradeira oportunidade para que Kiev tenha uma oportunidade de resistir e conseguir empurrar os russos para as suas fronteiras, embora esse cenário seja pouco provável, até porque além de falta de armamento, a Ucrânia vive uma perigosa falta de voluntários para combater e uma grande resistência ao processo de alistamento obrigatório.
Perante uma situação de grande dificuldade, e à beira de um colapso ruidoso da sua capacidade militar, em Kiev cresce, segundo notícias em alguns media ocidentais exponenciados na comunicação social russa, um sentimento anti-americano devido â sensação de traição, especialmente com a preferência notória de Washington por Israel.
O norte-americano The Wall Street Journal, que se tem notabilizado pela sua posição claramente pró-ucraniana, como, de resto, a generalidade dos media ocidentais, cita um conhecido professor da Universidade de Odessa, o director do Centro para Estudos Internacionais, Vladimir Dubovyk, onde este sublinha o contraste entre a dimensão do apoio ocidental a Israel e à Ucrânia.
Especialmente na total disponibilidade de fornecer sistemas de defesa antiaérea a Israel em contraste com a relutância com que o fazem para a Ucrânia, mesmo perante a evidência da sa urgente necessidade.
Este professor universitário diz ainda ao WSJ, citado pela RT, que "os ucranianos começam a sentir mesmo algum azedume" em relação aos EUA, quando começa a ser demasiado exposta a diferença entre os dois primeiros anos de guerra, quando ainda queriam derrotar a Rússia, e hoje, onde essa vontade já não existe.
Isto, quando o próprio Zelensky antecipa intensificação das ofensivas russas esta primavera e verão, como o admitiu no mais recente discurso à nação onde sublinhou que tem informações de que a Rússia vai intensificar os seus ataques e acções ofensivas.
"É óbvio que o ocupante vai intensificar os seus ataques e acções ofensivas", disse o chefe de Estado ucraniano, citando informações recebidas pelos chefes dos seus serviços militares e de inteligência estrangeiros sobre os planos russo para esta primavera e verão.
Também o chefe do Exército, Oleksandr Sirski, reconhece que a situação piorou para a Ucrânia nos últimos dias.