As últimas duas semanas, no palco da guerra na Ucrânia, foram férteis em noticiário sobre a autorização por parte de norte-americanos e britânicos do uso dos seus misseis de longo alcance para Kiev atacar em profundidade o território russo.

Algumas das possíveis consequências desse, até gora, hipotético passo de Londres e Washington, que porá uma grande parte da Rússia ocidental, incluindo as regiões de Moscovo e São Petersburgo, ao alcance dos misseis ATACMMS e Storm Shadow, já eram bem conhecidas.

O próprio Presidente russo, Vladimir Putin, se tem referido a elas com alguma periodicidade, como sejam (ver links em baixo nesta página) o fornecimento de misseis russos semelhantes, como os balísticos Iskander M ou os anti-navio supersónicos Onix, aos "inimigos" do Ocidente.

Nem sequer era desconhecia a ameaça de a Rússia poder responder a esses ataques com contra-ataques directos, e não por terceiros, a interesses britânicos e norte-americanos espalhados pelo mundo, como as suas centenas de bases militares, por exemplo.

Mas agora, o Presidente da Federação Russa veio explicar, numa entrevista a uma televisão do país, e rapidamente traduzida pelos media russos em língua inglesa, o porquê de o perigo actual de um confronto Rússia/EUA-NATO não ter sequer paralelo em nenhum momento da história.

Vladimir Putin lembrou que os ucranianos não possuem competências técnicas para o lançamento dos misseis balísticos supersónicos ATACCMS, fornecidos pelos EUA, ou os misseis de cruzeiro britânicos Storm Shadow, com alcances entre os 300 kms e os 550 kms.

Esses misseis só poderão ser lançados sobre alvos no interior em profundidade da Federação Russa, como as suas bases aéreas ou infra-estruturas energéticas, com dados de orientação fornecidos pelos satélites dos países da NATO e, ainda mais relevante, o seu disparo é unicamente operado por equipas militares dos EUA e do Reino Unido.

O que são "medidas adequadas"?

O que o líder russo veio agora deixar claro é que o Kremlin "tomará as medidas adequadas para responder a esses ataques" com a noção clara de que se trata de "um ataque dos Estados Unidos/ NATO à Rússia" e não ucraniano, porque este país, com quem os russos estão em guerra, tecnicamente apenas fornece o solo para o lançamento destas armas sobre território russo.

Citado pela RT, Putin deixa claro, a partir de São Petersburgo, à margem de um fórum internacional de cultura, que a partir deste momento "se deixa de falar de permitir ou proibir a Ucrânia de atacar território russo", porque isso "Kiev já o faz há muito tempo" com os seus drones de longo alcance.

O uso destes sistemas ocidentais de longo alcance só acontecerá com a introdução de dados de inteligência ocidental, ou seja, os satélites da NATO, e que só podem ser operados, devido à sua complexidade tecnológica, por pessoal qualificado dos EUA e do Reino Unido.

O uso destes misseis sofisticados já acontece há largos meses na geografia do conflito, incluindo na Crimeia, mas agora podem ser usados para além dessa "fronteira" psicológica, porque os russos não se cansam de dizer que a Crimeia é geografia russa de pleno direito depois da anexação em 2014.

E se tal suceder, o que pode ficar já claro nas próximas horas, numa visita repleta de secretismo e desinformação, que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, estrá prestes a fazer a Washington, após um encontro com o Presidente Joe Biden, avisa Putin, "isso quer dizer nada menos nem nada mais que a participação directa da NATO no conflito na Ucrânia".

E esse passo trará, enfatizou o chefe do Kremlin, "grandes mudanças na essência deste conflito" o que levará, "inequivocamente", a Rússia a "tomar as medidas apropriadas com base nas novas ameaças em consideração".

No entanto, sublinhe-se, perto das 11:30 desta sexta-feira, 13, ainda não tinha sido oficialmente anunciado esse passo, apesar de alguns media ocidentais como The Guardian, que foi o primeiro a dar essa autorização como certa no âmbito das visitas recentes dos chefes da diplomacia de Londres, David Lammy, e Washington Antony Blinken, a Kiev, ou The New York Times e a CNN darem isso como certo.

O que pode estar relacionado com as igualmente recentes notícias nos media ocidentais sobre o lançamento, que Moscovo nem confirma nem desmente, dos chamados satélites-assassinos, com ogivas nucleares, com capacidade para destruir a rede global de satélites ocidentais e gerar graves danos nas comunicações planetárias através de impulsos magnéticos resultantes do uso dessas mesmas armas nucleares no espaço.

E a resposta à questão sobre qual o momento da história em que a Humanidade esteve mais perto de uma catástrofe nuclear é, sem dúvida, este, o momento actual, este mês de Setembro de 2024.

Ainda pode ser evitada a catástrofe global?

Talvez por isso (revisitar as notícias com links em baixo nesta página pode ser um bom enquadramento para o momento que se vive) é que, mesmo com a insistência dos belicistas media ocidentais, que pugnam, irresponsavelmente, por uma escalada do conflito com a Rússia, na Casa Branca se esteja a protelar o anúncio dessa decisão ou mesmo a ponderá-la...

Há ainda outros sinais de que em algumas chancelarias europeias se teme uma escalada, porque o contexto já passou claramente a barreira até onde os bluffs eram tolerados neste jogo letal de póquer.

Na Alemanha, o chanceler Olaf Scholz veio há dias dizer que é preciso parar urgentemente esta guerra antes que seja tarde demais e na Finlândia, um dos países, com a Suécia, que entrou para a NATO, abandonando uma longa história de neutralidade, neste período de encarniçamento desmiolado, o Governo veio também dizer que, afinal, a Rússia não constitui uma ameaça militar para o país.

Entretanto, nos EUA, alguns analistas começam a defender que, face à gravidade do momento, o actual Governo de Joe Biden, a tão poucas semanas das eleições, que serão a 05 de Novembro, deixou de ter legitimidade para tomar uma decisão que contém, potencialmente, a chave do fim-do-mundo.

Isto, para mais quando se sabe que um dos candidatos, o ex-Presidente Donald Trump, republicano, tem dito exaustivamente, que vai por um fim à guerra na Ucrânia assim que assumir o poder, dê por onde der.

O que, em termos meramente académicos, permite ter nas eleições uma espécie de referendo também a essa decisão de fazer o mundo avançar para a vertigem nuclear por causa de um conflito na Ucrânia do qual quase todo o mundo está cansado e quer ver terminado.