Esta demonstração de capacidade dos sistemas nucleares tácticos russos - ogivas nucleares de menor potência em comparação com as ogivas estratégicas e desenhadas para uso no campo de batalha, principalmente - é destinada a avisar EUA, Reino Unido e França.
E foram anunciados num contexto em que estava em discussão anúncio pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, de unidades militares da NATO para a guerra na Ucrânia mediante alguns condições prévias, como a iminente derrota de Kiev e um pedido formal nesse sentido do Presidene Volodymyr Zelensky.
Em pano de fundo estavam ainda as palavras ousadas do ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Cameron, autorizando os ucranianos a usarem os seus misseis de maior alcance, storm shadow, para atacar alvos na profundidade do território russo.
A essas palavras, o Kremlin respondeu que se tal suceder, a resposta poderá acontecer com ataques contra interesses britânicos em qualquer lado do mundo, naquilo que foi a escalada no tom das ameaças que levou ao agora concretizado início dos testes com o arsenal nuclear táctico russo.
Para esta actividade considerada já pela NATO como "irresponsável", as forças russas estão, segundo informação da russa RT, a usar os misseis polivalentes (uso convencional e nuclear) Iskander M (na foto), lançado de plataforma terrestre, e o hipersónico Kinzhal, projectado a partir do "caça" MIG-31, entre outros igualmente versáteis.
E como ferramenta para potenciar o seu efeito dissuasor destes exercícios que decorrem na região sul da Rússia ocidental, próxima dos territórios da NATO, o Ministério da Defesa russo divulgou uma série de vídeos com as suas unidades móveis de Iskander M e sistemas de apoio, como a parafernália de radares e veículos, assim como a versatilidade da sua aviação estratégica equipada com os KInzhal.
Segundo as autoridades russas, estes exercícios visam "garantir a preparação para combate imediata" do pessoal e do equipamento nuclear não estratégico", mas oficiosamente é um claro aviso ao ocidente de que Moscovo não está a fazer "bluff" quanto à resposta às ameaças de britânicos, franceses e norte-americanos.
Isto, quando o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, voltou a pedir aos aliados da NATO para garantirem, como, de resto, tinha feito logo em 2022, uma zona de segurança aérea sobre a Ucrânia, embora desta feita abatendo aviões e misseis russos a partir de sistemas antiaéreos posicionados na Polónia e na Roménia, e pelos aviões norte-americanos a voar sobre territórios aliados.
Que é precisamente a "linha vermelha" desenhada pela Rússia, garantindo que se tal acontecer, os locais de origem desses lançamentos são considerados alvos legítimos para as forças russas, independentemente de se tratarem de países da NATO.
Nuland is back
A antiga sub-secretária de Estado norte-americana Vitoria Nuland, conhecida por ser uma fore defensora da escalada no conflito, veio agora defender que Washington autorizar os ucranianos a usarem os seus misseis de longo alcance ATACMS contra alvos no interior da Rússia.
Nuland, que, segundo vários analistas, foi afastada por ser demasiado radical, e férrea defensora da Ucrânia, de onde a sua família é originária, explicita em entrevista à ABC, que os ATACMS devem ser usados pelos ucranianos para destruir bases aéreas em toda a Federação Russa.
Estas declarações incendiárias surgem ao mesmo tempo que Zelensky divulgou os seus vídeos onde faz o mesmo tipo de exigência, coincidindo ainda com o início dos exercícios russos com os seus sistemas nucleares não-estratégicos.