Vladimir Putin, que foi estrategicamente filmado a falar para um grupo de pilotos numa base aérea russa, explicou que "só os EUA gastam 39% do total gasto em todo o mundo com a Defesa", o que, com alguma ironia, disse que "não é uma boa ideia" atacá-los.

Até porque, no conjunto dos aliados da NATO, com os 39% do total gasto no mundo a ser responsabilidade dos Estados Unidos, este valor sobe substancialmente, juntando os 696 mil milhões USD dos EUA aos perto de 380 mil milhões USD da Europa ocidental, quando a Rússia investia "apenas" perto de 80 mil milhões USD em 2022, antes do conflito na Ucrânia.

Nesta conversa com os pilotos russos, mas organizada para o mundo o ouvir, Putin explicou ainda que há, porém, uma circunstância em que admite atacar um país da NATO, que é no caso de os aviões F-16, que deverão chegar em breve à Ucrânia, usarem aeródromos fora da Ucrânia para lançar ataques contra a Rússia.

E os F-16 que entrarem na Ucrânia não vão voar por muito tempo, garantiu o "comandante" Putin, "porque serão abatidos pelas forças russas tal como fora destruídos os blindados ocidentais ou os seus sistemas de lança-roquetes múltiplos ou sistemas antiaéreos", como os Patriot norte-americanos ou Iris-T alemães.

"Nós não temos intenções agressivas para com quaisquer países da NATO", sublinhou, acrescentando que "a ideia de que vamos atacar a Polónia ou os Estados Bálticos ou a Chéquia... é um total absurdo".

Isto, apesar de a NATO estar a aproximar as suas fronteiras da Rússia desde 1991, com a adesão dos países do antigo Pacto de Varsóvia, e de, segundo o seu Ministério dos Negócios Estrangeiros e os seus chefes dos serviços de intelligentsia o ocidente estar a preparar-se para uma guerra com a Rússia.

Entretanto, embora sem atravessar as fronteiras da NATO, a Rússia tem feito vítimas de militares da NATO, como o repetem os canais pró-russos nas redes sociais e no YouTube, especialmente nas recentes vagas de ataques com misseis hipersónicos a centros de comando militares na Ucrânia alegadamente coordenados por oficiais do ocidente.

O Military Summary Channel, por exemplo, um dos mais conhecidos canais no YouTube, e mais credíveis, apesar de inclinado para Moscovo, sobre este conflito, avança que foram confirmados dezenas de voos entre Odessa e a Roménia e o Reino Unido com os corpos de militares de países da NATO, além dos feridos, vítimas dos misseis hipersónicos Kinzhal e Zircon russos.

Além disso, a redução abismal do fluxo de armas e dinheiro dos EUA para a Ucrânia, devido ao "impasse" no Congresso sobre a aprovação do pacote de 61 mil milhões USD para Kiev, está a deixar os ucranianos sem capacidade antiaérea devido à sistemática destruição dos Patriot americanos e os Iris-T alemães, deixando a Rússia com uma gigantesca superioridade aérea.

E é essa superioridade aérea que Kiev quer derreter com os F-16 que deverão, segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dmitri Kuleba, chegar a partir de Junho.

Se todos os aviões prometidos pela Noruega, Dinamarca, Países Baixos ou a Bélgica forem enviados para a Ucrânia, estarão prontos para voar perto de 40 unidades deste modelo norte-americano, número que os especialistas garantem ser escasso para fazer qualquer diferença.

Além disso, sendo um modelo antiquado, já não integra a FA dos EUA, são facilmente detectados pelos radares dos modernos SU-35 russos, que os podem alvejar com misseis de maior alcance, sendo ainda presas relativamente fáceis para os sistemas de defesa antiaérea S-400 e S-500.

Como sucedia nos primeiros longos meses de guerra, entre os media ocidentais, sempre que era apresentada uma nova arma ocidental para reforçar a capacidade ucraniana, esta era vista como a "arma maravilha" que iria mudar o curso da guerra.

Nunca foi assim, como os dados do terreno demonstram. E os F-16 surgem agora como a derradeira "arma maravilha" para alterar a situação e diluir a evidente superioridade russa em todo o leque de territórios de combate, sendo que a Kiev é já também evidente a dificuldade de recrutamento para guarnecer as linhas de combate na frente de guerra.