Numa declaração perante o Conselho de Direitos Humanos da ONU, Ziyambi Ziyambi, ministro da Justiça, Assuntos Jurídicos e Parlamentares do Zimbabué, anunciou que Harare vai garantir 3,5 mil milhões de dólares norte-americanos para compensar 3.500 agricultores devido à exploração das suas terras desde que estas lhes foram retiradas pelo regime de Robert Mugabe, que declarou os fazendeiros brancos como inimigos a abater nos últimos anos do seu longo "reinado".

Face a uma continuada degradação da economia zimbabueana, que foi, durante décadas, considerado um dos celeiros de África, especialmente vincada na perda de vigor e abandono de milhões de hectares de terras férteis devido à falhada reforma agrária do antigo regime, o actual Presidente, Emmerson Mnangagwa, que substituiu Mugabe, deposto por um golpe militar, em 2017, está a liderar uma "revolução" na agricultura do país que agora ganha corpo com este processo que visa atrair de novo os antigos agricultores e proprietários para as suas terras mediante garantias que englobam as Nações Unidas.

Recorde-se que Mugabe escolheu como trunfo para ganhar o apoio das massas populares declarar guerra aos proprietários brancos, retirando-lhes, pela força, por vezes através de invasões violentas, liderados por antigos elementos da sua ZANU-PF, a força política que liderou na luta pela independência do Reino Unido, conseguida em 1980, mas sem que essa expropriação em larga escala tenha sido concluída integralmente do ponto de vista legal.

E todo esse processo está, finalmente, a ser agora revertido porque, como tem sido admitido publicamente pelo actual Governo de Harare, as expropriações estiveram por detrás de um retrocesso gigantesco no país, levando mesmo a que o Zimbabué tenha e esteja a viver longos períodos de fome severa onde outrora havia fartura e as exportações agrícolas superavam toda a restante economia, incluindo a mineração.

Ao fim de mais de três anos de negociações, o Governo do Presidente Mnangagwa chegou a um acordo, em Julho de 2020, com 3.500 agricultores a quem vão ser pagos 3.5 mil milhões USD para os compensar do longo período em que as suas terras estiveram a ser exploradas por terceiros, como o ministro da Justiça, Assuntos Jurídicos e Parlamentares foi explicar a Genebra.

Na imprensa zimbabueana, desde que Robert Mugabe foi deposto, têm.se multiplicado as críticas à sua política agrária, com alguns analistas a não esconderem que foi essa perseguição aos antigo fazendeiros que deu início a um ciclo de desastres que estão por detrás de uma das mais severas crise económica em todo o continente, inclusive com a deterioração da sua indústria do turismo que era um sólido pilar económico do país.

Com estas medidas, o Governo do Presidente Emmerson Mnangagwa espera que sejam levantadas as sanções internacionais impostas por alguns países ocidentais a partir do ano 2000 devido à violação dos Direitos Humanos com a execução da política agressiva de reforma agrária de Mugabe.