Este "evolucionismo" de Trump, que se julga acima de qualquer lei e código internacionais, segue-se às políticas de Joe Biden, seu antecessor, de patrocínio político, militar e financeiro do genocídio contra o povo palestiniano, desencadeado pelo regime sionista de Benjamin Netanyahu.
Esse genocídio, denunciado e condenado em todo o Mundo por diversas instituições internacionais, países e organizações regionais, transformou a Palestina, principalmente a Faixa de Gaza em novo campo de extermínio do Holocausto do século XXI.
De lembrar que, para responder por esse genocídio, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu, em Novembro último, mandados de captura de Netanyahu e do seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, por usarem a "fome como método de guerra, perseguição, assassinato e actos desumanos" contra os palestinianos.
Os mandados de captura emitidos pelo TPI dão respaldo à queixa apresentada em 2023 pela África do Sul ao Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) contra Israel, por genocídio contra os palestinianos.
A África do Sul também denunciou o uso da fome como arma de guerra, os assassinatos em massa de palestinianos, danos corporais e mentais, deslocamento forçado das populações, destruição do sistema de saúde e impedimento de nascimentos de palestinianos com o apoio de vários países ocidentais, liderados pelos EUA.
Apesar disso, a Administração Trump, nos seus primeiros dias, reafirmou o seu apoio "inabalável" a Israel, numa espécie de licença para Netanyahu aumentar a sua lista de crimes contra os palestinianos, materializando a desejada limpeza étnica, não obstante a oposição da Jordânia e do Egipto, os escolhidos para "receptores" dos palestinianos a serem expulsos das suas terras.
Com aval dos EUA e seus acompanhantes ocidentais, nomeadamente europeus, Israel dizimou, nos últimos 15 meses, mais de 47 mil palestinianos, maioritariamente civis, destruiu mais de 60% das infra-estruturas do território, cuja reconstrução levará décadas, de acordo com as Nações Unidas.
Milhões de palestinianos são forçados a viver fora da sua terra por causa do apartheid praticado há décadas por Israel na Palestina. Grande parte dos palestinianos refugia-se no Egipto e na Jordânia, onde pelo menos metade da população é palestiniana ou de origem palestiniana.
Israel, que viola todas as resoluções da ONU para pôr fim à ocupação opressão e repressão dos palestinianos e pacificação da região, usa como pretexto, para o genocídio, a necessidade de destruir o Hamas e retaliar os ataques de 7 de Outubro de 2023, que causaram mais de 1200 mortos e 33 reféns israelitas.
Na sua cruzada antiliberdade, contra a autodeterminação dos povos e pela submissão do Mundo aos seus ditames, nesta primeira fase, Trump atinge de forma incisiva o continente americano, particularmente Cuba, país determinante no processo de libertação da África Austral.
Ao colocar novamente, sem qualquer base de sustentação, a Ilha de Fidel Castro na lista de países promotores do terrorismo, o Presidente americano mostra total desprezo e desrespeito pelo multilateralismo e pela Assembleia-Geral das Nações Unidas, que repetidamente tem condenado o embargo contra Cuba, decretado pelos americanos.
Trata-se de um acto de "arrogância e desprezo pela verdade", adoptado com o objectivo de "continuar a fortalecer a cruel guerra económica contra Cuba com fins de dominação", disse indignado o Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel.
Cuba não está sozinha nessa indignação, vários países condenaram essa injustificável hostilidade. Entre esses, destaca-se a vizinha Namíbia, que classificou a medida como "decepcionante", sublinhando, ao mesmo tempo, que "os EUA e Cuba devem buscar o diálogo como um meio de resolver diferenças políticas de longa data.
A Namíbia enfatiza ainda, em comunicado oficial, que "as relações internacionais devem ser guiadas pela cooperação e não por ameaças e medidas coercitivas unilaterais".
O Movimento dos Países Não-Alinhados, organização composta por 120 países, também condenou essa medida, denunciando que tal acção tem motivação política e contradiz os apelos internacionais para a normalização das relações entre Washington e Havana.
No documento, o Movimento também instou o Governo dos Estados Unidos a levantar o violento bloqueio económico, comercial e financeiro contra o país caribenho que está na base das dificuldades económicas e sociais que Cuba enfrenta.
Os estragos de Trump, que incluem a expulsão de pelo menos um milhão e meio de imigrantes ilegais, dos quais mais de 665 mil africanos, terão ricochete na América e no sistema capitalista que se alimenta da exploração das franjas mais frágeis da sociedade mundial.
As medidas económicas de Trump, nomeadamente o aumento em 10% das tarifas de importação e a deportação de imigrantes oriundos da América do Sul e Central, têm suscitado acesas trocas de galhardetes entre Trump e líderes da região.
O Presidente colombiano, Gustavo Petro, antes de se conformar com as acções punitivas de Trump, havia ameaçado adoptar medidas duras contra os EUA, nomeadamente o aumento da taxação de produtos americanos.
Petro, mostrando que conhece bem o modus operandi dos americanos que não se coíbem em assassinar quem os confronta, disse: "Você pode-me matar, mas sobreviverei no meu povo, que vem antes do seu, nas Américas. Somos povos dos ventos, das montanhas, do mar do Caribe e da liberdade".
E acrescenta, numa declaração que virilizou nas redes sociais: "Você não gosta da nossa liberdade, tudo bem. Eu não aperto a mão de escravistas brancos. Aperto as mãos dos brancos libertários, herdeiros de Lincoln, e dos jovens camponeses, negros e brancos dos EUA, em cujas tumbas chorei e rezei num campo de batalha onde estive, após caminhar pelas montanhas da Toscana italiana".
E conclui, em jeito de aviso: "Derrube-me, Presidente, e as Américas e a humanidade responderão".
Com o Brasil, a crise estalou quando as autoridades de Brasília verificaram o "tratamento degradante" dados aos seus migrantes deportados por Trump que viajaram algemados e acorrentados, fazendo lembrar os negros escravizados e levados de África para as Américas, durante o desumano processo de escravatura, entre os séculos XV e XIX.
Neste pouco tempo de pode, Trump ameaçou confiscar o canal do Panamá, hidrovia que liga os oceanos Atlântico e Pacífico e muito importante para o comércio internacional, desonerando e encurtando trajectos, anexar a Gronelândia e transformar o mundo inteiro em seu quintal.
Mesmo perante todas as evidências, o negacionista Trump põe em causa a ciência e as alterações climáticas. Assim, retirou o seu país do Acordo de Paris sobre o clima e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Atacou também os direitos LGBTQI+, colocando a sua homofobia como política central da sua Administração. Por isso, determinou, como se fosse senhor e dono do Mundo e da humanidade que reconhecimento apenas dois géneros - o masculino e o feminino- confundindo sexo e género.
Perante um Trump xenófobo e supremacista, circundado por magnatas das TIC, como Elon Musk, que controlam, sem escrúpulos, tudo e todos, o mundo vai assistindo o avanço do fascismo e deste capitalismo desumano e desumanizante.
Oitenta anos depois da libertação do campo de extermínio nazi de Auschwitz pelo o Exército Vermelho, a Rússia, herdeira da União Soviética, o maior exército e mais bem equipado europeu, está atenta e, certamente, sabe que tem de se preparar para, mais uma vez, defender a Europa dos apetites trumpistas que se prepara à força se apoderar da estratégica ilha Gronelândia.
Rica em cobre, grafite, petróleo, urânio e outros minerais raros como o neodímio e praseodímio, fundamentais para a fabricação de motores eléctricos e turbinas eólicas, a Gronelândia pode ser o caminho para a destruição da NATO.
Trump usa como pretexto o facto de a Gronelândia, uma ilha de 2.166.086 km², próximo do Árctico, situada na costa Leste do Canadá, estar mais próxima de Nova Iorque que de Copenhaga, capital da Dinamarca.

Mas, "o imperialista nunca disse que Alaska não é América", segundo David Zé, na canção revolucionária "Guerrilheiro".