Na cerimónia de hoje, num discurso virado ao agradecimento, João Lourenço referiu que a atribuição de medalhas da classe de honra a Presidentes e antigos chefes de Estado de vários países, visa reconhecer o seu papel e contributo "determinantes para que a luta de libertação tivesse êxito" e Angola pudesse resistir a 27 anos consecutivos de conflito armado.

João Lourenço referiu que o 11 de novembro de 1975 foi o dia guardado com mais ansiedade pelo povo angolano e, "sem sombra de dúvidas", é o dia mais importante da história colectiva de Angola, que marcou o início de uma nova era.

"Com a nossa independência, conquistámos a liberdade e, sobretudo, conquistámos a nossa dignidade enquanto seres humanos e o direito de sermos donos do nosso destino", referiu.

Segundo João Lourenço, reconhecer esta jornada e o contributo de todos os angolanos e dos muitos cidadãos, organizações e países estrangeiros que contribuíram nos vários momentos da história de Angola é essencial para se continuar a construir a nação e para se preservar as conquistas alcançadas.

Foram já contemplados com a medalha dos 50 anos da independência nacional nas diferentes categorias cerca de 4.690 cidadãos dos mais diferentes segmentos da sociedade angolana, para declarar que em Angola se valoriza e se reconhece "a bravura, a entrega, a dedicação e o talento dos angolanos em praticamente todos os domínios da vida".

A atribuição de medalhas é, de acordo com João Lourenço, um gesto de reconhecimento e de agradecimento aos povos e países, "pelo inestimável apoio ao povo angolano" nos diferentes momentos da sua história, igualmente uma forma de eternizar estes períodos históricos, "para que as actuais e as futuras gerações os conheçam e os exaltem".

"Reconhecemos e agradecemos sinceramente a inestimável ajuda dos então chamados países socialistas da Europa do Leste, com destaque para a ex-União Soviética, para não ter de descrever todos, que foi determinante para a conquista da independência e da soberania nacional, sua preservação e consolidação, e pela formação dos jovens quadros angolanos nas suas universidades e academias militares", disse.

Os agradecimentos foram também para "o povo irmão de Cuba", o Brasil, primeiro país "a testemunhar o nascimento de um novo país e a reconhecê-lo (...) quando todos preferiam esperar para ver".

"Agradecemos ainda pela confiança no nosso país, demonstrada pela abertura da linha de crédito do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social] para as infraestruturas, como a Central Hidroeléctrica de Capanda, primeira grande barragem construída em Angola independente", disse o chefe de Estado angolano.

João Lourenço sublinhou o apoio da China, que concedeu uma linha de financiamento "com valores substanciais, que permitiram a reconstrução das principais infraestruturas destruídas, como estradas e pontes, subestações e redes de transmissão eléctricas, sistemas de produção, adução e distribuição de água, a reabilitação do Caminho-de-Ferro de Benguela, hoje principal ativo do Corredor de Lobito, ou ainda a construção de grandes e modernos portos e aeroportos, como o caso do Porto do Caio em Cabinda e o Aeroporto Internacional António Agostinho Neto".

Em África, referiu os países que acolheram os movimentos angolanos de libertação - Argélia, Marrocos, Tanzânia, Congo Brazzaville e a Zâmbia -, bem como todos os países da chamada Linha da Frente, a Nigéria, pela ajuda financeira concedida nos primórdios da independência e por ter sido, juntamente com a Argélia, um dos primeiros países a dar formação superior no ramo dos petróleos aos primeiros quadros nacionais.

"Um agradecimento particular ao Vaticano pelo gesto do Papa Paulo VI, em ter recebido em audiência os líderes dos movimentos de libertação de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau (...), numa mensagem clara para os círculos mais conservadores da Igreja e para o mundo, de que o colonialismo devia cair, dando lugar ao surgimento do país independente das ex-colónias portuguesas", salientou.

"Não nos esquecemos dos combatentes guineenses que combateram na frente centro e sul, lado a lado com as nossas forças armadas. Uma palavra de reconhecimento e agradecimento vai também para os países que acolheram as diferentes rondas de negociações de paz, começando por Mombasa, no Quénia, Alvor e Bicessa, em Portugal, Brazzaville, no Congo Brazzaville, Franceville, no Gabão, Lusaka, na Zâmbia e, por fim, Nova Iorque, nos Estados Unidos da América", acrescentou.