Antes de afirmar, diante das câmaras da TV Zimbo, que "Angola não está preparada para ser governada por um outro partido" que não o MPLA, e de propor a atribuição do Nobel da Paz ao Presidente José Eduardo dos Santos, Antunes Huambo já tinha um longo historial de culto aos "Camaradas".
Há cerca de dois anos, aos microfones da Rádio Despertar, a mensagem do reverendo foi igualmente clara. "Nós enquanto religiosos não temos nada a ver com a UNITA, CASA-CE porque quem se junta a fracos será fracassado, aqui na ICCA nenhum pastor ou reverendo é da UNITA, da CASA-CE ou da FNLA porque todos nós temos cartão de militante do MPLA, o mais forte", disse o religioso, escancarando a fidelidade ao MPLA, reafirmada recentemente na TV Zimbo.
Autor de frases como "o vermelho da bandeira do MPLA simboliza o sangue de Cristo", e "José Eduardo dos Santos é escolhido de Deus", Antunes Huambo revela, desde o início da sua caminhada como líder religioso, que os desígnios dos "Camaradas" lhe guiam os passos.
Aliás, foi em resposta a um apelo do Presidente da República, José Eduardo dos Santos - que ordenou o estudo do fenómeno religioso no país, através de um Despacho - que o reverendo decidiu arrebanhar fiéis de várias igrejas numa única plataforma.
O resultado conduziu à criação da "Nova Ordem Eclesiástica", constituída por cerca de 900 congregações não reconhecidas pelo Estado e integradas numa única, denominada Igreja de Coligação Cristã em Angola (ICCA).
Segundo explicou o líder da ICCA - em declarações publicadas pelo Novo Jornal há dois anos e agora recuperadas - a criação da ICCA representa "o início do fim de todas as divisões e denominações, constituindo-se numa Nova Ordem Eclesiástica", para estancar o fenómeno da expansão arbitrária das igrejas em Angola.
Formada maioritariamente por antigas igrejas e alianças evangélicas, a "Nova Ordem Eclesiástica" passou a constituir-se numa única plataforma congregadora de todas as igrejas cristãs sem personalidade jurídica no país. A concretização desta instituição, que se assemelha à Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe (CEAST) da Igreja Católica Apostólica Romana, resultou de um trabalho de sensibilização e organização que durou mais de três meses, de acordo com Antunes Huambo.
O responsável explicou que, durante os 90 dias desse trabalho, a equipa coordenada por si, integrando mais outras três pessoas, teve que percorrer todo o país por via terrestre, à excepção do Moxico e Cabinda, para onde viajaram de avião.
"O mais importante foi mesmo concretizar o desafio para o qual nos propusemos, o de ajudar o Governo nesta empreitada interministerial que conta com uma nata de responsáveis ministeriais conhecedores do fenómeno religioso", sublinhou no trabalho publicado pelo NJ no início de 2015, altura em que frequentava o mestrado em governação na Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto. Talvez uma preparação para uma ambicionada e ambiciosa carreira política.