José Maria Neves, em declarações aos jornalistas, comentava o alegado "mal-estar" provocado pelas alegadas declarações de Josefa Cruz, que, ao considerar o primeiro-ministro cabo-verdiano "uma sombra" no desenvolvimento das relações de cooperação, o responsabilizou pelo adiamento da reunião da comissão mista bilateral.
As alegadas declarações da diplomata angolana, publicadas pelo jornal cabo-verdiano A Semana, que as reconfirmou depois de Josefa Cruz as ter desmentido, relacionaram o sucessivo adiamento da visita oficial e de Estado do presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, a Angola, com a não realização do plano de cooperação estabelecido entre os dois países, estabelecido em 2008 e parado desde 2010.
Anunciada quarta-feira, a visita de Jorge Carlos Fonseca a Luanda foi entretanto marcada para 04 e 05 de Novembro, numa altura em que Josefa Cruz foi chamada a Luanda, gerando dúvidas quanto a um regresso ao posto na Cidade da Praia.
"A embaixadora não deixou definitivamente o país. As relações com Angola são boas, extraordinárias e excelentes e não há nenhum problema no relacionamento entre Cabo Verde e Angola", disse José Maria Neves, que não comentou, mais uma vez, as alegadas declarações da diplomata angolana.
José Maria Neves admitiu, por outro lado, que, após a deslocação de Jorge Carlos Fonseca a Luanda, poderá também visitar oficialmente Angola antes do final do ano, tudo dependendo agora de um acerto nas agendas.
"A perspectiva é, primeiro, haver a visita do presidente de Cabo Verde e, num segundo momento, haver a do primeiro-ministro", disse José Maria Neves.
Por outro lado, e questionado sobre a ausência da ministra das Finanças cabo-verdiana, Cristina Duarte, numa importante reunião em Bruxelas, prevista para decorrer entre terça e sexta-feira desta semana, José Maria Neves admitiu tratar-se de um "constrangimento" que ser reparado logo que possível.
"Foi um constrangimento. A ministra deveria estar em Bruxelas desde segunda-feira. Temos todo um trabalho diplomático que está a ser feito em Bruxelas. A ministra devia fazer esse trabalho esta semana e eu, depois, iria continuá-lo. Mas, infelizmente, devido aos trabalhos parlamentares, não pode deslocar-se", referiu.
"Mas espero que as autoridades da União Europeia (UE) entendam esta ausência. Vamos fazer esforços para que, numa próxima oportunidade, ainda antes da minha ida a Bruxelas (em fins de Novembro), a ministra possa realizar esta missão, que é extraordinariamente importante para nós, e tem a ver com a ajuda orçamental e com a discussão sobre a política macroeconómica do país", acrescentou.
Em Bruxelas, Cristina Duarte deveria participar em reuniões para "explicar e informar" os parceiros cabo-verdianos sobre a situação macroeconómica no país, tendo em conta o elevado défice orçamental (7,4%) e dívida pública (98% do Produto Interno Bruto (PIB).
A ausência de Cristina Duarte em Bruxelas, para onde tinha entretanto seguido o delegado da Comissão Europeia (CE) em Cabo Verde, o diplomata português José Manuel Pinto Teixeira, deveu-se ao prolongamento dos trabalhos parlamentares sobre a discussão a aprovação de um conjunto de medidas de cariz económico e financeiro, que terminaram quarta-feira
Lusa / Novo Jornal