O líder da ANITA, destacou que o Presidente da República "deve ser o símbolo da unidade nacional e não da unidade partidária e deve exercer a sua magistratura de forma activa e isenta", em benefício de todos os angolanos, e, por isso, "não se deve remeter ao silêncio conivente perante assassinatos políticos de cidadãos, independentemente da sua filiação política ou do seu credo religioso".

E foi aos mais jovens que Adalberto apelou "para que não se deixem distrair por processos tímidos e insuficientes de revisão constitucional nem por processos judiciais selectivos que visam transmitir a ideia de que o regime mudou, porque não mudou".

"O regime é o mesmo, as práticas são as mesmas, os abusos são os mesmos, os métodos subversivos são os mesmos e em alguns casos são mesmo mais ostensivos e insensíveis à dignidade humana", denunciou o líder do "Galo Negro".

"O grande desafio que se coloca diante dessa geração de patriotas é resgatar o Estado que foi capturado pela oligarquia que subverteu a democracia e institucionalizou a corrupção e a impunidade", afirmou Adalberto Costa Júnior, que destacou que esta "geração de reformadores anónimos e silenciosos está espalhada pelo país", a maioria dos quais sem filiação político-partidária.

Porque, reforçou Costa Júnior, "na paz democrática os órgãos públicos de comunicação social deverão ser politicamente isentos e apartidários. Os órgãos de inteligência e de segurança do Estado não devem servir os partidos políticos que governam, porque devem ser órgãos de todos, estarem ao serviço de todos e não se confundirem com o partido político onde milita o Chefe de Estado".

"Na paz democrática, os partidos políticos têm igualdade de tratamento na imprensa pública, a imprensa de todos", afirmou.

"Apelo-vos a discernir a natureza subversiva do regime que fala de paz mas actua contra a paz. Ao agredirem a democracia todos os dias, estão a agredir a paz. Ao impedir a diversidade e o pluralismo político no controlo privado do espaço público e da economia, estão a agredir a paz. Ao bloquear a implementação efectiva das autarquias locais, estão a agredir a paz. Ao minar a lisura e a transparência dos processos eleitorais, estão a agredir a paz", afirmou o líder da UNITA, defendendo que a nova geração deve trabalhar com os mais velhos, "em paz e em harmonia, sempre nos marcos da Constituição e da lei".

Também a situação político-militar de Cabinda e os acontecimentos sangrentos em Cafunfo mereceram destaque no discurso de Adalberto Costa Júnior, que defendeu o diálogo como forma de sanar conflitos.

"A democracia tem formas de solucionar reivindicações regionais, históricas, ou sociais no quadro do Estado unitário de Angola. É preciso parar com a guerra e dialogar. Não se pode celebrar a paz em Luanda enquanto se faz guerra em Cabinda. Não se pode celebrar a paz no Cunene e activar bazucas e morteiros contra cidadãos no Cafunfo ou em outros lugares só por pensarem diferente", afirmou.