O concessionário dos serviços ferroviários e logística do Corredor do Lobito (CL) espera receber, até terminar o ano, no pior dos cenários, o primeiro reembolso do anunciado investimento dos Estados Unidos da América, no valor de 550 milhões de dólares, para aquisição de meios rolantes, intervenção nas infraestruturas e apoio à formação de quadros.
A informação foi prestada ao primeiro-ministro português, Luís Montenegro, na visita, nesta quarta-feira, 25, ao Porto do Lobito e Caminho-de-ferro de Benguela, duas referências de um Corredor capaz de promover a integração regional.
De acordo com o presidente do Conselho de Administração da Lobito Atlantic Railway (LAR), Francisco Franca, o acordo deverá ser fechado "nos próximos tempos", no quadro do Banco de Desenvolvimento dos Estados Unidos (DFC).
"Vamos investir fortemente na linha, será, com este desembolso, o final dos mais de doze meses de negociações", explicou.
A LAR movimenta-se numa altura em que tem o desafio de transportar para a República Democrática do Congo 40.500 toneladas de enxofre, que chegaram ao Terminal Mineraleiro do Porto, visitado pelo governante português, há duas semanas.
Aliás, a falta de vagões, tal como apurou o NJ, vai obrigar o concessionário a > três meses, quando a transportação para as minas de Katanga, na RDC, pode ser feita em menos tempo.
Após ter acompanhado as explicações, Luís Montenegro felicitou o concessionário, formado também pela Vecturis e a Trafigura, tendo, já em conferência de imprensa, destacado o "enorme potencial ferroviário" existente no Lobito.
Num gesto simbólico, accionou o apito de uma locomotiva, a locomotiva que "vai impulsionar o desenvolvimento das nossas economias, nos domínios da prestação de serviços e produtivo".
Convicto na criação de empregos e bem-estar para angolanos e portugueses que residem no País, o Primeiro-ministro garantiu que o seu Governo está "empenhadíssimo" em trazer investimentos, ainda que isso implique "partir pedras" para quebrar as barreiras de um ambiente de negócios questionado em vários círculos empresariais.
Luís Montenegro revelou que, para lá da linha de crédito que vem sendo reforçada, Portugal tem, no quadro da União Europeia, uma linha de apoio a empresas, avaliada em 3 mil 600 milhões de euros.
"Deste montante, temos 2 mil 500 milhões para o apoio à internacionalização de pequenas e médias empresas, temos 700 milhões para apoiar a inovação, investigação e ciência", adiantou, antes de ter avisado que "os poderes públicos estão para quebrar estas barreiras".
A jornada de Luís Montenegro, que incluiu uma passagem pela central fotovoltaica do Biópio, construída pelo consórcio Sun Africa e a portuguesa MCA, começou com uma visita às obras para o futuro Consulado Geral de Portugal em Benguela.