O foco da viagem está no Corredor do Lobito, uma infraestrutura ferroviária que liga Angola às zonas mineiras da República Democrática do Congo e Zâmbia e na qual os EUA é "um membro importante".
"Um conjunto desses anúncios será sobre o Corredor do Lobito. Mobilizámos milhares de milhões de dólares para esse projecto até agora, podem imaginar que o Presidente vai envolver-se com vários componentes desse esforço de infraestrutura e os elevará", disse aos jornalistas a assistente especial do Presidente e directora de Assuntos Africanos no Conselho de Segurança Nacional norte-americano, Frances Brown.
Frances Brown assinalou que o Chefe de Estado norte-americano em fim de mandato vai reunir-se bilateralmente com o Presidente angolano, João Lourenço, para aprofundarem as conversas sobre infraestruturas, clima, paz e segurança, democracia e objectivos económicos compartilhados.
A segunda fase do projecto do Corredor do Lobito, que inclui a construção de 800 novos quilómetros na linha ferroviária que atravessa Angola, Zâmbia e República Democrática do Congo, que se juntarão aos 1.300 já existentes e estão a ser renovados, será efectivamente a grande aposta da visita de Joe Biden, marcada para os dias 2 a 4 de Dezembro.
O objectivo do corredor, destacou a Casa Branca, é reduzir o tempo de trânsito da Zâmbia e sul da RDC até ao porto angolano do Lobito dos actuais cerca de 45 dias para menos de uma semana.
Washington destaca que esses investimentos ferroviários fazem diminuir os custos e os tempos de transporte terrestre, abrem o acesso a terras agrícolas aráveis e reforçam a cadeia de abastecimento para minerais energéticos críticos, "impulsionando o crescimento económico resiliente ao clima na região".
Nos últimos 18 meses, os EUA mobilizaram quase cinco mil milhões de dólares para o próprio corredor e para "investimentos em novos projectos de energia limpa, incluindo energia solar", bem como outras iniciativas de apoio à população e pequenos agricultores, destacou Helaina Matza.
A coordenadora reforçou que o projecto, "em última análise, deverá beneficiar muito mais África" e que os Estados Unidos procurarão "parcerias sólidas" que permitam que se torne "uma rede bastante resiliente" com possibilidade de expansão no futuro, quer em direcção ao Oceano Índico, quer a países como a Namíbia ou a África do Sul.
"O corredor de Lobito não é apenas uma ferrovia ou minerais essenciais. Trata-se também das comunidades que são fortalecidas ao longo do caminho, de mais acesso à educação, trata-se de produtos agrícolas indo para o mercado e de aumentos na conectividade digital", observou, por sua vez, Frances Brown.
A directora de Assuntos Africanos anunciou que Biden deverá também na deslocação a Angola fazer anúncios relacionados com a segurança global da saúde, segurança alimentar e agronegócio, e ainda um "anúncio importante sobre cooperação no sector de segurança" e "sobre a preservação da rica herança cultural de Angola".
Em 2023, o comércio entre Estados Unidos e Angola totalizou aproximadamente 1,77 mil milhões de dólares, o que tornou Angola no quarto maior parceiro comercial de Washington na África Subsaariana.
"Vemos Angola como um parceiro estratégico e um líder regional. O nosso relacionamento com Angola transformou-se completamente nos últimos 30 anos, e essa transformação ganhou ritmo nos últimos três anos", assinalou Frances Brown.
Nesse sentido, a directora de Assuntos Africanos resumiu a viagem de Biden a Angola a três objectivos: "elevar a liderança dos EUA em comércio, investimento e infraestrutura em África"; destacar a "liderança regional e a parceria global de Angola num espectro completo de questões urgentes, incluindo comércio, segurança e saúde"; e, por último, destacar a "notável evolução do relacionamento EUA-Angola".