"É condenável o acto, não é correcto o que aconteceu, nós também repudiamos, esse foi um deslize que resultou de factores emotivos dos próprios integrantes da visita e da nossa funcionária que os acompanhou que efectivamente deveria ter o discernimento de dizer não aos pastores", afirmou Pedro Agostinho de Neri à agência Lusa.
"Infelizmente, o que aconteceu é que os pastores emocionaram-se, quando chegaram à sala do plenário e viram aquela monstruosa sala eles emocionaram-se, a nossa colega que estava a acompanhar a visita não teve discernimento suficiente para dizer que este acto não se faz", disse ainda o secretário-geral da Assembleia Nacional, que garantiu que já foi "apurada a veracidade" e tomadas "as medidas administrativas competentes e tudo mais".
A reacção do Parlamento surge em resposta a um comunicado da grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) em que exige que o presidente do Parlamento, Fernando da Piedade Dias dos Santos "Nandó", apure responsabilidades sobre o que considera o "cúmulo da promiscuidade" entre Estado e religião.
Em comunicado de imprensa, o grupo parlamentar da UNITA escreve que tomou conhecimento da situação através de um vídeo colocado a circular nas redes sociais que "apresenta um grupo de mais de uma dezena de religiosos, maioritariamente ajoelhados, a fazerem orações na sala principal do plenário do parlamento".
Segundo a UNITA, a cerimónia foi realizada na semana passada e os seus promotores "demonstraram, mais uma vez, desrespeito à Constituição da República e à lei".
O grupo parlamentar da UNITA "vem, por este meio, denunciar e condenar energicamente este ato que mais uma vez revela desconhecimento dos fins dos órgãos de soberania do Estado, uso indevido das instituições do Estado pelo partido no poder em benefício próprio", lê-se no comunicado.
Depois da UNITA, também o Partido de Renovação Social (PRS) condenou e considerou "um grande erro" a realização de orações na sala principal do plenário do parlamento, exigindo um pedido de desculpas da direcção do órgão legislativo.
Segundo o responsável da administração parlamentar, em declarações à Lusa, o vídeo que circula nas redes sociais foi gravado por um dos pastores da denominada "plataforma de igrejas cristãs" para "mostrar que visitou a casa do povo".
Este caso "é um assunto só porque estamos a viver este ambiente político, porque se todos nós olharmos para trás, todas as inaugurações que fomos fazendo foram convidadas igrejas para vir inaugurar", afirmou.
"É o momento político e há um relativo aproveitamento nisso, mas é condenável o acto, não é correcto o que aconteceu, nós também repudiamos, esse foi um deslize que resultou de fatores emotivos dos próprios integrantes da visita e da nossa funcionaria que os acompanhou que efetivamente deveria ter o discernimento de dizer não aos pastores", acrescentou Pedro Agostinho de Neri.