Os procedimentos de contratação simplificada por critérios materiais foram autorizados pelo Chefe de Estado, que vê nestes contratos também uma forma de "transferência de know how", ou seja, conhecimento, para os quadros angolanos.
Os contratos, segundo o documento, serão assinados com a Global Humanitarian Healthcare Equity Foundation Management, LLC.
No despacho presidencial consultado pelo Novo Jornal, que não avança o prazo de duração destes dois contratos, lê-se que a decisão se prende com a prossecução do projecto de implementação da cirurgia robótica em Angola, "com o objectivo de se prestar assistência médica e medicamentosa diferenciada e especializada aos pacientes do Serviço Nacional de Saúde".
O Ministério das Finanças deve assegurar a disponibilização dos recursos financeiros necessários à implementação deste projecto, determina o despacho.
A primeira cirurgia robótica em Angola foi realizada a 6 de Agosto, no Complexo Hospitalar de Doenças Cardio Pulmonares Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, em Luanda, a um paciente com cancro da próstata.
A informação foi avançada por Sílvia Lutucuta, no final da cirurgia, altura em que afirmou que o robô cirúrgico, colocado à disposição do Serviço Nacional de Saúde, junta-se aos outros meios para uma melhor prestação de cuidados de saúde.
A governante realçou que a cirurgia robótica vai ser estendida a outras especialidades. "Num futuro breve será feita cirurgia ginecológica robótica, geral, torácica, neurocirurgia e ortopedia", afirmou a ministra.
No dia seguinte, na Cidade Alta, o Presidente da República recebia o médico urologista Vipul Patel, conhecido pela sua contribuição para o campo da cirurgia assistida por robótica e considerado um dos cirurgiões robóticos mais experientes do mundo, que realizou a cirurgia no Hospital Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, a um paciente com cancro da próstata.
Este mês, Angola recebeu o segundo robô cirúrgico, que será instalado no edifício de formação do Complexo Hospitalar de Doenças cardiopulmonares Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, em Luanda, e usado para formação de médicos e enfermeiros.
Este robô foi criado para simular procedimentos complexos, oferecendo aos profissionais de saúde a oportunidade de adquirir experiência prática antes de realizarem cirurgias.
"A instalação deste segundo robô representa um avanço significativo no sistema de saúde do país, consolidando o complexo hospitalar como um centro de referência em cirurgias robóticas", dizia o Ministério da Saúde (MINSA) em comunicado.
A cirurgia robótica, ou seja, "assistida por robô", consiste basicamente numa cirurgia por acesso laparoscópico (pequenos orifícios por onde são introduzidas a câmera e pinças cirúrgicas) em que os movimentos dos instrumentos são realizados por braços robóticos.
Os movimentos são todos realizados pelo cirurgião, que é normalmente altamente especializado, que controla os braços robóticos por meio de joysticks.
Esta cirurgia é menos invasiva, permite visão 3D e ampliada entre 10 a 15 vezes, movimentos precisos e de maior amplitude das pinças robóticas, ausência de tremores e fadiga pelos braços robóticos, menores taxas de sangramento no intra-operatório, menos dor no pós-operatório, menor taxa de infecção no pós-operatório, menor tempo de hospitalização.
Actualmente, é uma das técnicas mais utilizadas para cirurgias do cancro da próstata e rim, mas também para cirurgias reconstrutivas como pieloplastia para obstrução do rim.