"Os partidos políticos com assento no Parlamento são financiados pelo dinheiro do povo. A oposição diz que não pode ajudar o Governo só porque não está no poder, mas para nós é contraditório e é contra o espírito africano", disse ao Novo Jornal, Eduardo Jonatão Dinho Chingunju.

De acordo com o político, a sua futura bancada na Assembleia Nacional, não estará apenas para criticar as accções do Executivo, mas para apresentar soluções.

"Com o dinheiro que vamos receber, vamos fazer projectos sociais de responsabilidade privada que consigam resolver algumas situações junto das populações mais carentes", acrescentou.

Promete ainda que o partido Jango vai participar nas campanhas para atrair investimentos externos de qualidade para Angola resolver os problemas das populações.

Dinho Chingunji diz que pretende utilizar a via do instrumento político para disputar o poder e apresentar os programas de como se pode estruturar e melhorar o País.

O partido Jango, segundo o seu líder, defende a ideologia centro-direita como a mais adequada e próxima da realidade angolana.

"Embora a tendência desta ideologia seja o capitalismo, tem uma responsabilidade social", diz, frisando que o partido não será para resolver os problemas pessoais.

Dino Chigunji, que nega que o Jango é um partido satélite do MPLA, acredita que nas próximas eleições vai conseguir entre 25 a 30 deputados.

O ex-ministro da Hotelaria e Turismo no Governo da Unidade e Reconciliação Nacional (GURN) pela UNITA referiu que irá contar, nas eleições de 24 de Agosto, com o voto dos cidadãos que nos pleitos eleitorais se abstiveram.

"A nossa atenção estará virada pelos cidadãos que olham para os políticos como pessoas enganosas e que não defendem os seus interesses. Esses três milhões de pessoas que se abstiveram é triste para a democracia", acrescenta o político.

"Nós escolhemos o nome Jango porque é nome que também que se identifica com a nossa cultura. De cabinda ao Cunene todo mundo sabe o que é o Jango", afirma, salientando que trouxe para Angola uma nova forma de fazer política.

"Uma política que evita que haja exclusão, que valoriza os angolanos, que cria boas políticas para os sectores da saúde, educação, eliminação da pobreza (...) e de unificação de todos os angolanos", diz.

Lembra que há 11 anos que faz um levantamento nacional sobre as possibilidades de criar um partido que não esteja ligado aos movimentos de libertação, que não seja um partido de dissidência, nem de pendor militarista.

"Muita gente não acreditou, mas com a legalização do partido pelo Tribunal Constitucional (TC), hoje a realidade é outra", refere o político que anunciou que dentro de dias vão levar para o TC as candidaturas.

Filho de Kafundanga Chingunji, co-fundador da UNITA e primeiro chefe do Estado-Maior das FALA, antigo exército da UNITA, Dinho Chungunju nasceu a 07 de Setembro de 1964 e foi líder político na UNITA.

Durante a guerra civil 1975 - 2002, todos os irmãos de Chingunji morreram em circunstâncias misteriosas. Ele foi o único que sobreviveu. Rumores atribuíram as suas mortes a planos de assassinato ordenados pelo líder da UNITA, Jonas Savimbi.

No nono congresso da UNITA, que aconteceu em Viana, em Junho de 2003, Chingunji foi um dos candidatos e perdeu esmagadoramente para Samakuva, recebendo apenas 20 votos contra os 1.067 de Samakuva.