O diplomata norte-americano explicou aos jornalistas, após a audiência com o Presidente da República, que Washington e Luanda vão discutir nos próximos tempos qual o ponto de maior interesse para Angola e para os EUA tendo em consideração o "ponto focal" indicado por João Lourenço de forma a garantir que esta Cimeira corresponde aquilo que são os interesses prioritários do País no seu relacionamento com os Estados Unidos.
Tulinabo Mushingi, citado pelo Jornal de Angola, disse que essa discussão vai ser mantida sem esquecer os detalhes, porque a Cimeira anunciada por Joe Biden não pretende ser apenas um palco para Washington e a Administração Biden expor os seus pontos de vista e influenciar os países africanos mas onde se pretende abordar os pontos prioritários que permitam avançar com as parcerias que a todos beneficiam.
Todavia, esta Cimeira foi anunciada pelo Presidente dos EUA numa altura em que o continente africano é claramente disputado pelos vários lados do tabuleiro do xadrez mundial, com os EUA e os seus aliados ocidentais a procurarem isolar a Rússia face à invasão da Ucrânia, enquanto se desdobram em esforços para reconquistar terreno que foi ganho em influência pela China nas últimas décadas de pesada presença do gigante asiático em quase todos os 54 países de África.
João Lourenço, enquanto figura que tem conquistado um importante protagonismo na sub-região austral de África e também na África Central, nomeadamente na procura de solucionar conflitos, como é o caso dos Grandes Lagos, o que foi sublinhado pelo embaixador Tulinabo Mushingi, pode desempenhar igualmente um importante papel na organização desta Cimeira que se está a transformar claramente na grande jogada de Joe Biden para o seu país poder voltar ao continente africano, que nas últimas décadas praticamente ignorou, como "player" de peso.
Sem o nomear, é provável que os Estados Unidos contem com alguns importantes pilares de influência em África, como é o caso do Chefe de Estado angolano, para que, num contexto geopolítico complexo por causa da guerra na Ucrânia e da disputa acesa por influência global entre Moscovo, Washington e Pequim, João Lourenço possa vir a facilitar a comunicação entre os EUA e alguns líderes africanos menos propensos a uma aproximação a Washington.
Abordando ainda a questão do investimento externo norte-americano em Angola, que garante estar a crescer e ter horizontes abertos, o diplomata norte-americano informou os jornalistas, logo após o encontro com João Lourenço, que o seu país disponibilizou quaro milhões de dólares para promover a tolerância política em contexto eleitoral, sublinhando a importância de, ainda segundo o JA, todos os concorrentes aceitarem "as diferentes regras do jogo".
Isto, para que, "no final do pleito, vencedores e vencidos se lembrem que todos são filhos da mesma Pátria e devem continuar a trabalhar juntos para fazer de Angola um modelo mundial, em termos de realização de pleitos eleitorais".