Quinze meses depois do arranque do Programa Integrado de Obras Emergenciais de Benguela, avaliado em 415 milhões de euros, o governador provincial, Luís Manuel da Fonseca Nunes, revela que, afinal, o empréstimo da ASGC "ainda não está activo", apesar de uma execução física a rondar os 30%, num pronunciamento que confirma suspeições relativas à proveniência do dinheiro aplicado em rodovias, edifícios, água e outros sectores, levantadas em diferentes círculos da sociedade civil.

Reacções a este excerto de um discurso de hora e meia, feito terça-feira, 23, num diálogo com jornalistas e vários analistas, da política à economia, indicam que tal pronunciamento é tão surpreendente como o facto de Luís Nunes ter afirmado que há uma execução física muito acima do grau de execução financeira.

Assim, prevalece a dúvida em relação ao valor aplicado até ao momento, um assunto que deu azo a abordagens no Novo Jornal, mesmo que se saiba que a execução física andará entre 25 e 30%, o que corresponderia, em termos de orçamento, a não mais de 125 milhões e 500 mil euros.

Mas, estando a execução física "muito acima", prevalecem dúvidas que, segundo o governador, terão de ser dissipadas pelos ministros das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação e das Finanças, uma vez que são obras de subordinação central.

"Fazemos o acompanhamento, através do nosso vice-governador, mas não temos estes números exactos", respondeu Luís Nunes.

Ao NJ, o economista e consultor empresarial Janísio Salomão, docente universitário, ressalta que está clara a existência de um exercício financeiro de empresas que avançam com fundos próprios.

"Quando houver dinheiro [do empréstimo], até porque o Ministério das Finanças trabalha no fecho da linha de financiamento, estas empresas vão ser compensadas", indicou o analista, lembrando, ao manifestar surpresa pelo "empréstimo ainda não activo", que a execução física supera a financeira.

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