Tudo isso quando faltam três meses para a realização do Congresso Extraordinário do MPLA. A pressão vem também do Conselho de Honra do MPLA em ouvir e questionar o líder; O desconforto de Ana Dias Lourenço, numa situação que a coloca no meio de uma guerra com os parentes Dino Matrosse e Fernando da Piedade Dias dos Santos "Nandó" e a confirmação de algo há muito esperado: Nandó vai mesmo avançar para a disputa ao cargo de presidente do MPLA!

"Se isso é falar mal de si, camarada presidente, então falei!", disse Dino Matrosse a João Lourenço

A primeira abordagem foi circunstancial e à margem de um encontro do MPLA no Centro Cultural de Belas (CCB), ainda em finais do ano passado, João Lourenço terá manifestado o seu desagrado ao camarada Dino Matrosse por alegadamente ter recebido informações de que o histórico militante do Partido andava "a falar mal" de si em vários círculos de militantes. Dino Matrosse ficou surpreso e assustado com a abordagem e a gravidade das acusações levantadas pelo líder do seu partido, preferindo gerir a situação em silêncio. Passados alguns meses, e, já no início deste ano, Dino Matrosse recebe uma chamada telefónica de Edeltrudes Costa, director de gabinete de João Lourenço, "convocando-lhe" para um encontro com o seu chefe no Palácio Presidencial da Cidade Alta. Dino Matrosse acedeu à "convocatória" e fez-se presente. Além de João Lourenço e Dino Matrosse, estiveram presentes ao encontro os generais António dos Santos França "Ndalu" e José Ferreira Tavares. Este último é amigo de João Lourenço e conhecido por ser um dos homens de confiança do PR. O general Tavares age sempre em modo de "baixa visibilidade" e é um verdadeiro oficial de campo de João Lourenço para executar as missões mais sigilosas e delicadas por si orientadas.

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Conselho de Honra "força" encontro com João Lourenço

Os membros do Conselho de Honra do MPLA pretendem "forçar" um encontro com João Lourenço para análise e discussão dos problemas internos do MPLA.

Aprovado em Dezembro de 2021, durante a primeira sessão ordinária do Bureau Político saído do VIII Congresso Ordinário do MPLA, o Conselho de Honra é uma estrutura interna do partido que funciona como instrumento de consulta do presidente do MPLA, congregando figuras históricas ou militantes que desempenharam funções de grande relevância para a vida do partido. Este órgão de consulta reuniu pela primeira vez no início de Abril de 2023, à porta fechada, numa reunião que demorou quatro horas.

Fontes do NJ garantem que vários membros do Conselho de Honra do MPLA têm estado a "forçar" uma reunião extraordinária com o presidente do partido, João Lourenço. Tal intenção também terá sido já manifestada ao líder dos Camaradas durante a audiência que concedeu recentemente a dois membros deste órgão, nomeadamente, Ismael Martins e Santana Pitra "Petroff". Os conselheiros de honra do MPLA reclamam a falta de regulamentos e estatutos do órgão, a necessidade de estabelecimento de plano/programa de reuniões com o líder. A intenção é que este encontro do Conselho de Honra do MPLA ocorra antes do congresso extraordinário, marcado para Dezembro próximo. "A intenção é que o encontro de João Lourenço com o Conselho de Honra do MPLA decorra já no início de Outubro, logo após as reuniões do Bureau Político e as do Comité Central", garante uma fonte do NJ.

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Nandó vai mesmo avançar

Fernando da Piedade Dias dos Santos "Nandó" já confidenciou ao seu núcleo mais restrito que vai avançar para a liderança do MPLA. Aos 74 anos, o homem que já foi ministro do Interior (1999-2002), Primeiro-Ministro (2002-2008), Vice-presidente da República (2010-2012) e duas vezes presidente da Assembleia Nacional (2008-2010 e 2012-2022,) pretende avançar para a liderança do MPLA e assim conquistar o único alto cargo que falta no seu percurso político: o de Presidente da República.

As nossas fontes garantem que Nandó já escreveu ao presidente do MPLA, João Lourenço, a solicitar uma audiência. O objectivo é informar, pessoalmente, João Lourenço da sua pretensão em avançar para a liderança do MPLA. O antigo Vice-presidente da República está a ser muito prudente e calculista na sua estratégia de actuação, ele evita os palcos mediáticos, raramente fala à comunicação social, não se expõe e evita todo e qualquer ataque interno ou externo. Está na fase em que está a estudar alianças e faz uma gestão muito inteligente da comunicação. Ele sabe que o seu silêncio, nesta altura, faz muito "ruído". Nandó foi ministro do Interior e responsável da inteligência interna, ainda tem no "métier" muitos quadros leais a si e acesso à informação privilegiada. É muito difícil ser "atacado" pela máquina da desinformação, como têm sido muitas vezes Higino Carneiro e Dino Matrosse. Ele é um candidato de peso e com apoios dentro e fora do MPLA. "Tem uma imagem associada à autoridade, tem história e percurso político, além de vários anos de serviço público. Tem uma folha de serviço que legitima esta sua nova ambição. Com o actual cenário, ele pode ser o líder que o MPLA precisa, apesar de algumas poucas correntes adversas no partido", avança uma fonte do BP do MPLA.

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