Benguela (a cidade) celebrou 404 anos nesta semana. Olhando para o estado actual da urbe, que nota daria de 0 a 10?
Daria sete valores. Os outros três ficariam para o árduo trabalho que ainda nos resta.
Que trabalho?
Melhoramento dos jardins, das vias secundárias e terciarias e das valas, olhando não apenas para a reabilitação, mas também para a manutenção constante.
Que elementos positivos pode avançar para se compreender os sete valores atribuídos?
O crescimento nas infra-estruturas sociais: construíram-se muitas infra-estruturas no domínio da Educação e Saúde, principalmente.
Pode enumerá-las?
Construíram-se muitos centros e postos de saúde. Temos agora já um hospital municipal, porque anteriormente só tínhamos [no município-sede] o Hospital Geral de Benguela (HGB). Hoje, já temos outros serviços no hospital municipal, que atende às outras pessoas, além dos munícipes.
Ainda assim, as notícias referem que o HGB continua asfixiado. Fala-se numa média de seis mortes por dia, só na Pediatria...
O esforço para a melhoria da saúde pública tem sido visível no nosso município. Por outro lado, a sobrelotação no HGB não ocorre durante o ano todo. Até à primeira quinzena de Abril, ficámos com as pediatrias vazias, digo, com camas disponíveis. Contudo, ainda precisamos de melhorar o nosso sistema público de Saúde, porque o índice de crianças internadas na Pediatria, principalmente com malária, tem vindo a aumentar.
Parte considerável da cidade anda às escuras. O que a administração está a fazer para reverter esta situação?
Enquanto Administração Municipal de Benguela, temos a responsabilidade de olhar para a iluminação pública. A energia domiciliar é da responsabilidade da ENDE. Estamos a trabalhar com este parceiro para aumentar a distribuição de energia nos bairros onde já existam postos de transformação. Quanto à iluminação pública, temos o levantamento todo feito sobre o número de postes de que precisamos e sobre os postes que já existem e necessitam apenas de luminárias. Neste ano, já melhorámos, por exemplo, na Zona A, o bairro 70 e 71; na Zona B, os bairros do Casseque e Navegantes e a Estrada Nacional n.º 100, o famoso quilómetro 0.
A Avenida Fausto Frazão é a única que funciona. O resto anda partido...
Não digo partido. Existem alguns buracos e são fáceis de se tapar. Estamos a trabalhar com o Gabinete Provincial de Infra-Estruturas para taparmos estes buracos com massa quente. O mesmo já fizemos na Rua 10 de Fevereiro, em Março, a partir da rotunda do rio Cavaco até à Marissol. Se o jornalista der uma volta à Rua 31 de Janeiro, que vai ao hospital, vai notar que estamos a fazer aí uma intervenção. Na zona periurbana, vamos melhorar as vias de acesso.
Na zona periurbana a água ainda é um grande problema...
A cidade de Benguela cresceu. Se antes tinha 300 mil habitantes, hoje tem mais de 600 mil. É muita gente. E estes bairros que nasceram não têm a planificação da água.
Quer isso dizer que a administração tem falhado, porque não giza políticas que acompanhem o crescimento populacional...
A administração não falha. A água é da gestão de uma empresa, e nós trabalhamos com ela, que é a Empresa de Água e Saneamento de Benguela. O problema é que ainda persiste o desordenamento nas construções de alguns bairros. Queremos evitar isso. Depois de ordenar e urbanizar uma área, fazemos o loteamento e cedemos aos munícipes. Porém, aqueles que vão construindo de forma ilegal em áreas não-permitidas vão encontrar sempre dificuldades.
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